segunda-feira, 10 de junho de 2019

Filosofia da Virtude...Saúde da Alma

A virtude segundo o Ocidente  e  o Oriente  é o caminho para atingir a "Saúde da Alma"
Santo Agostinho
Segundo Santo Agostinho, só existe verdadeiramente o que permanece imutável e Deus é imutável, incorruptível. Ele é a verdade. Mas, para ter esta certeza fundamentou-se na filosofia grega que afirma que é através da inteligência que se alcança a verdade, porém, inclui a necessidade de ações volitivas, passionais, virtudes práticas e, sobretudo, da graça de Deus, porque o homem não pode tocar na verdade se não tiver a graça divina.
Sócrates e Platão
Para Sócrates e Platão, os vícios eram grandes empecilhos para se encontrar com a verdade, sendo necessária uma vida de austeridade, equilibrando os desejos, por conseguinte, o domínio de si mesmo e a ascese. Defendiam que pela prática da virtude que o homem conseguiria alcançar o bem maior, o absoluto, tendo, portanto, a felicidade. Segundo Sócrates, a virtude era tão importante que poderia ser comparada a ciência, pois poderia ser ensinada e praticada. Neste caminho de encontro à virtude havia um determinismo moral, pois à medida que o homem aprende esse valor, ele vai estabelecendo leis que pode ser aplicada com um caráter universal. Se este homem conhece o que é virtuoso, ele escolherá de forma consciente o que é útil e inútil, optando por aquilo que é útil sempre, impondo sobre sua vontade. Platão submete à razão a busca da virtude e condena o hedonismo, pois à virtude encontra-se no meio. Aquele que consegue estabelecê-la consegue constituir dentro de si mesmo a ordem, a harmonia. Desta forma, a virtude é um sinal da saúde da alma.Ambos acreditam que para se trilhar este caminho virtuoso faz-se necessário a purificação, ou seja, a função catártica. Portanto, é preciso fazer mortificação dos desejos da carne evitando uma vida hedonista, bem como, tudo aquilo que é inútil para a o homem, aprisionando-o.
Os vícios foram uma das principais lutas pessoais de Santo Agostinho que, também, percebeu que eles eram empecilhos para se chegarem à verdade e a felicidade, sendo preciso à purificação dos atos imorais associados às paixões depravadas que profanam a natureza do homem.
Assim, o homem precisa lutar contra as três paixões que são fontes de iniquidade: Poder, curiosidade e satisfação dos sentidos. Logo, para Santo Agostinho, da vontade perversa e corrompida nasce à paixão e; desta satisfeita procede ao hábito e, do hábito não contrariado provém à necessidade.
No entanto, para Santo Agostinho esta função catártica é colocada em segundo plano, pois o mais importante é o amor. O amor ajuda remover o que a inteligência não compreende e quem crer compreende mais. Assim, conhece-se a verdade amando-a e a verdade é Deus. À medida que se conhece esta verdade, mais se tem vontade de conhecê-la. Com isso, quando o afeto da alma, frente dos prazeres carnais é imoderado, a vida é contaminada. Se a alma racional está viciada, Deus que é a luz tem a capacidade de iluminar esta alma. Assim, é preferível escolher o incorruptível ao corruptível, sendo questionável a felicidade fora da verdade. É na prática do bem, na função catártica com a intervenção da graça de Deus que o homem é capaz de superar seus vícios e alcançar as virtudes, tendo como consequência a mudança de vida. Diferentemente da filosofia de Platão e Aristóteles que descartam uma intervenção divina para alcançar a vida virtuosa.
Consequentemente, a busca por esta vida virtuosa leva o homem usar bem o seu livre-arbítrio, que é o maior dom de Deus, fazendo o bom uso da sua vontade. Isso faz o homem ser mais livre. O mau uso da liberdade tem como congruência o afastamento de Deus, portanto, o homem fica afastado da verdade e da felicidade que estão contidas Nele.
Enfim, Santo Agostinho pôde sistematizar este caminho de encontro à virtude, de encontro à verdade, que é Deus, porque primeiramente solidificou em seu interior a verdade que encontrou dentro de si mesmo. Permitiu que sua história submetida muitas vezes aos descontroles de suas paixões se encontrasse com o Amor que é um conjunto de forças que leva o homem a um determinado caminho, escolhido pela consciência. Assim há amores para serem amados e amores que não precisam ser amados. O aprendizado destas escolhas, que por sinal, leva um bom tempo da vida humana faz com que a vontade seja verdadeiramente livre, tendo como pano de fundo a graça de Deus para auxiliar nesta bela e árdua caminhada de descobrir a si mesmo.
Tao Te Ching
As ideias cosmogónicas e metafísicas do Tao Te Ching, de acordo com algumas ramificações do taoismo, podem ser definidas da seguinte forma: Tudo nasce do vazio indiferenciado, imensurável, insondável, que nunca pode ser exaurido: "o Tao sem nome", que se move em torno de si mesmo sem parar. Deste "Tao sem nome" (que não existe), nasce o que existe (e tem nome): o Caminho (Tao). Não vemos o Tao como um por causa dos nomes com que designamos o que vemos com os nossos sentidos - as "10 000 coisas" (o caractere chinês que significa "10 000",  é usado, como aliás também no grego, para significar uma miríade, ou seja, um número grande e indefinido.) É com o aparecimento dos nomes que aparecem todas as coisas e o um se transforma em muitos.
A Virtude (Te) é a manifestação do Tao através da sua misteriosa operação: o chamado "agir não agindo" - a ação intrínseca que caracteriza a natureza das coisas - "O modo de Caminhar". A partir destas ideias cosmogónicas e metafísicas, Lao Tzi deduz um sistema de moral e regras de conduta que tem, por objetivo, conformar as ações humanas com a ordem natural do universo. O homem nasceu do Tao mas, depois, começou a desviar-se dos seus atributos, ou seja, perdeu a virtude - o saber como caminhar. É uma queda que lembra a queda que se seguiu à expulsão de Adão e Eva do paraíso, segundo a Bíblia. O Caminho do Tao é o caminho de volta ao estado de graça em harmonia com o Tao (o chamado "regresso precoce"). Tao é normalmente traduzido como Caminho ou Via. Mas apenas por parecer ser "o melhor que se pôde arranjar". De facto, o caminho não se distingue do caminhante ou do caminhar. Não há criador. O universo (o Céu e a Terra) apareceu (e aparece continuamente) a partir do Tao primordial. O que existe aparece do que não existia antes e é eterno. O universo é como um organismo vivo resultante da expansão vitalizada do Tao (a ordem natural, a providência). O Tao manifesta-se continuamente no fluxo e refluxo constante de todas coisas que existem e que foram criadas pela sua atividade. O Tao não tem personalidade. O que vitaliza o universo são dois princípios ou substâncias que combinados são o Tao: o yang (luz, calor, criativo, masculino) - que existe especialmente concentrado no Céu - e o yin (sombra, frio, receptivo, feminino) - que existe especialmente concentrado na Terra.
Vários filósofos taoistas chineses entendem os versículos que expõem as ideias cosmogónicas sobre o início do universo como sendo, de facto ou também, a descrição do modo como a consciência da realidade externa emerge na nossa mente. Quando vemos uma cor ou ouvimos um som, há um momento breve inicial em que o nosso cérebro ainda não fez um julgamento sobre a nossa percepção; não sabemos ainda que som ou cor é, nem sequer temos ainda uma consciência clara que estamos a ouvir ou ver alguma coisa. Estamos no domínio "do sem nome", do vazio indiferenciado que nunca pode ser exausto ou descrito. Depois, quando emerge a consciência e o pensamento, que tem por base a linguagem, passamos ao domínio "do que tem nome" e vemos, então, todas coisas diferenciadas, cada uma com o seu nome. É com o aparecimento dos nomes que aparecem todas as coisas e o um se transforma em muitos. Em termos mentais, o Caminho do Tao é o caminho de volta a esse breve "estado de graça" inicial. Um estado em que qualquer trabalho mental interior é eliminado e em que regressamos à nossa espontaneidade natural. As práticas dos budismos chan e zen, que tiveram a sua origem nas ideias taoistas, têm, como objetivo, exatamente atingir esse estado mental primordial de fusão paradoxal com o um.

https://blog.cancaonova.com/seminario/virtudes-e-vicios-em-santo-agostinho/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tao_Te_Ching

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