segunda-feira, 10 de junho de 2019

Virtudes Morais... Ajuda no Bem Agir




A natureza humana é dotada de forças habituais, enraizadas, muitas vezes adquiridas pela repetição constante dos atos correspondentes. Essas forças são chamadas habitus. Os habitus podem ser bons ou maus. Habitus bom, chama-se virtude. Habitus mau chama-se vício. Estamos, aqui, falando da natureza, forças comuns a todos os homens, virtudes naturais. Quando, porém, é o próprio Deus quem sopra em nossas almas essas virtudes, elas já não vem da natureza e já não são comuns a todos os homens. Elas passam a se chamar virtudes sobrenaturais ou infusas, por ter em Deus sua fonte e por ter a Deus por referência, quando praticamos os seus atos. Assim, uma pessoa pode ser boa por virtude natural de bondade. Esta virtude lhe trará o reconhecimento e o aplauso dos homens, mas não terá nenhum vínculo direto com sua salvação eterna. Quando, pela graça santificante, a virtude é sobrenatural, além do aplauso dos homens, ela terá o aplauso de Deus e lhe servirá para a vida eterna. Essa distinção entre ordem natural e ordem sobrenatural é muito importante.]
Morais (virtudes que não são voltadas diretamente para Deus, mas sim para o nosso comportamento, nossa atitude, nossas ações; elas nos ajudam a bem agir, a fugir do pecado, a vencer as tentações. Por isso, indiretamente, elas nos levam a Deus. virtudes que nos ajudam a bem agir)
Quatro delas são mais importantes do que as outras porque regulam a atividade de todas as demais. São as chamadas Virtudes Cardeais (= Cardo, em latim, quer dizer dobradiça, eixo em torno do qual gira alguma coisa. No caso da dobradiça, gira a porta, no caso do eixo da terra, giram os quatro pontos cardeais. No caso das virtudes, em torno das quatro virtudes cardeais, giram as outras virtudes,
Virtudes Cardeais ou Morais quer dizer virtudes centrais, fundamentais, orientadoras.  São quatro como quatro são os pontos cardeais, as estações do ano, os lados da cruz, os alicerces da casa, os pés da mesa e da cama. A quaternidade para Jung é símbolo da perfeição. 
*Prudência

É o reto agir, o bom senso, o equilíbrio. Cuida do lado prático da vida, da ação correta e busca os meios para agir bem. Prudência é o mesmo que sabedoria, previdência, precaução. O prudente é previdente e providente. É pessoa que abandona as preocupações e abraça as soluções. Deixa as ilusões e opta pelas decisões. Rejeita as omissões e se empenha nas ocupações. O lema dos prudentes é: “Ocupação sim, preocupação não.” A prudência coloca sua atenção na preparação dos fatos e eventos e nunca na precipitação nem no amadorismo ou improvisação. Ciência sem prudência é um perigo.
é a virtude que nos ajuda a escolher. Não se trata de escolher coisas fúteis e bobas. A Prudência nos ajuda a escolher os meios adequados para realizar o bem e vencer o mal. É uma escolha muito importante e que a qualquer momento precisamos fazer.
Vou estudar ou vou brincar? Depende da hora! Se for hora de estudar, vamos estudar, se for hora de brincar, vamos brincar. É a Prudência que nos ajuda a compreender essas coisas. Ela aproveita a hora propícia, o lugar acertado onde devemos estar e nos impede de tomar decisões precipitadas. O lema dela é: fazer o que é certo, na hora certa, no lugar certo. A Prudência, iluminada pela nossa Fé e ajudada pela graça santificante, nos leva a escolher os atos bons que são o caminho da nossa salvação. É sobre esta Prudência que Jesus fala no Evangelho: «Eis que vos mando como ovelhas no meio de lobos. Sêde, pois, prudentes como a serpente e simples como as pombas.» (S. Mat. X, 16) e também: «Quem julgas que é o servo fiel e prudente, a quem o seu senhor constituiu sobre a sua família, para lhe distribuir de comer a tempo?» (S. Mat. XXIV, 45).

Virtudes morais anexas à Prudência
As virtudes morais anexas à Prudência :
**Bom conselho
O bom conselho é a virtude que nos leva a nunca agir (nas coisas sérias) sem seguir o conselho dos mais velhos, dos pais, dos mestres, do padre. Quando estamos bem aconselhados, aproveitamos de toda a experiência que os mais velhos adquiriram ao longo da vida, e com isso evitamos tomar muitos caminhos errados. Praticamente todos os pecados poderiam ser evitados se tivéssemos ouvido um bom conselho.
**Bom senso (sensatez)
O bom senso é o juízo certo nas coisas comuns, do dia a dia.
**Discernimento
O discernimento é o juízo certo nas coisas mais importantes, mais elevadas. Por esse juízo vemos claramente toda a importância da coisa na sua realidade, como de fato ela é, e isso nos leva a agir corretamente. 
 Vício contra a prudência:
**Imprudência - Por falta de prudência - é o vício que pode ser por: precipitação - agimos sem refletir ou por descuido - refletimos no que vamos fazer mas fazermos mal feito.
**Astúcia - Por excesso de Prudência: Ser prudente no mal, nas coisas erradas, no pecado;  Cuidados excessivos com a vida material: dinheiro, vaidade, comprar muitas coisas, etc. Habilidade de enganar; esperteza, manha, sagacidade.
*Justiça

Regula nossa convivência, possibilita o bem comum, defende a dignidade humana, respeita os direitos humanos. É da justiça que brota a paz. Sem a justiça nem o amor é possível. É a virtude da vida comunitária e social que se rege pelo respeito à igualdade da dignidade das pessoas. Da justiça vem a gratidão, a religião, a veracidade. Não se pode construir o castelo da caridade sobre as ruínas da justiça. Pelo contrário, o primeiro passo do amor é a justiça, porque amar é querer o bem do outro. A justiça é imortal (Sab 1,15). Esta virtude trata de nossos direitos e nossos deveres e diz respeito ao outro, à comunidade e à sociedade. Deus entregou a terra a Adão para que ele e seus filhos a plantassem e tirassem dela o seu sustento. O homem usou e usa as coisas da natureza para comer, para vestir, para fabricar objetos necessários à sua vida. Como filhos de Deus e tendo recebido a terra como herança, os homens podem possuir suas coisas, sua terra, sua casa, seus objetos, que lhe são necessários para viver e para alimentar sua família. É fácil compreender que nem sempre haverá um acordo entre os homens sobre a possessão desses bens materiais.  Para ajudá-los a viver em paz e a possuir com boa medida o que lhes é necessário, Deus nos deu a virtude de justiça, pela qual nós queremos, com nossa boa vontade, dar aos outros o que lhes é devido, protegendo também o que nos pertence e, sobretudo, dar a Deus o que Ele nos pede, no seu amor por nós: amor, dedicação, louvor, etc. Exemplos dessa Virtude: Quando tomamos emprestado um objeto, a virtude da justiça nos leva a querer devolvê-lo no tempo estipulado, pois sabemos que a pessoa que nos emprestou pode ficar prejudicada se não recebê-lo de volta. Quando compramos um objeto, é justo que paguemos o seu valor. Quando assinamos um contrato com alguém, devemos cumpri-lo (como o matrimônio é um contrato passado diante de Deus, a virtude da justiça nos impede de querer nos separar, pois no contrato do matrimônio aceitamos viver para sempre com a pessoa com quem casamos. Porém, não basta que os homens tenham entre si esse relacionamento de justiça. A vida na sociedade é muito complicada e foi preciso se organizar um governo que ajudasse os homens a viverem juntos numa mesma cidade, num mesmo país. Por isso, a virtude da justiça vai também atuar no relacionamento dos homens com o governo, quer ele seja um prefeito, um guarda de trânsito, o presidente ou um rei. Os homens devem obedecer às leis estabelecidas pelas autoridades, enquanto que a autoridade deve atuar de forma igual para com todos, ajudando os bons e castigando os maus. É a virtude da justiça que forma as bases do 7°, do 8° e do 10° mandamento da Lei de Deus. Não podemos furtar, nem levantar falso testemunho, nem cobiçar as coisas alheias, pois todos esses atos ferem a virtude da justiça, entre outras. Devemos também considerar que quando cometemos um pecado contra a virtude da justiça, em certos casos, não basta o arrependimento e a confissão. Nós lesamos o próximo tirando dele um bem material que lhe pertence. Devemos, então, fazer o possível para devolver aquele bem, de modo a restabelecer a justiça ferida pelo nosso ato. É o que se chama de restituição. Igualmente, quando pecamos contra o 8° mandamento, devemos retratar a reputação do próximo ferida por nossa mentira, calúnia ou maledicência.

As virtudes morais anexas à Justiça
**Virtude de Religião (Religio => religar)
É o laço que religa o homem a Deus, fonte de todo bem. Definição: ato da vontade pelo qual o homem reconhece sua dependência a Deus, princípio e fim último de tudo, perfeitíssimo em Si mesmo e de quem depende toda perfeição. Existem atos próprios da virtude de Religião: todos os atos pelos quais o homem confessa sua dependência a Deus: Orações, Missa, Comunhão, todos os Sacramentos, etc.Existem outros atos que são incluídos na virtude de Religião: a virtude de Religião tem a capacidade de assumir os atos de todas as outras virtudes orientando-os para Deus. Desse modo, o homem oferece a Deus sua coragem, sua humildade, sua castidade e todas as virtudes. Toda a sua vida passa a ser um ato de louvor a Deus. Isso se chama também santidade.Esta característica faz da virtude de Religião a mais elevada virtude depois das virtudes teologais. Com efeito, ela é a única virtude moral cujos atos sejam voltados para Deus, como acontece com as virtudes teologais.
Eis os atos próprios da virtude de Religião:
Atos interiores
***Devoção - a nossa vontade se entrega inteiramente a Deus
***Oração - a nossa inteligência se dirige a Deus numa súplica, pedindo aquilo que Ele quer nos dar.
Atos exteriores
***Adoração - são os atos exteriores com os quais nosso corpo manifesta nossa adoração a Deus: Genuflexão, inclinação, sinal da cruz, etc.
*** Esmola - todas as contribuições que fazemos para as necessidades da igreja e do padre.
***Sacrifício - são os oferecimentos que fazemos de objetos que consagramos a Deus: uma vela benta, o incenso na missa, as flores no altar. Acima de todos, o próprio sacrifício da Missa
***Promessa - é muito agradável a Deus as promessas que fazemos, oferecendo a Ele o sacrifício de algo que gostamos muito: uma diversão, a televisão, uma sobremesa etc. Ou uma oração que rezamos durante certo tempo. É muito bom fazer essas promessas para pedir alguma graça a Deus, mas devemos pedir orientação ao padre.
***Uso das coisas santas - uma medalha, um santinho, a bênção que se pede ao padre, os sacramentais (água benta, vela benta etc.), os sacramentos etc.
***Uso do Santo Nome de Deus - nas ocasiões graves e sérias é bom invocar o Santo Nome de Deus, com todo respeito e veneração para levar as pessoas a agirem bem (pelo amor de Deus, graças a Deus, juro em nome de Deus (só nas coisas muito sérias). Mas cuidado para não tomar seu Santo Nome em vão.
Os Vícios opostos à Virtude de Religião
**Por excesso
***Superstição. São todos os atos de culto não dirigidos a Deus: Culto ao demônio, culto aos espíritos (espiritismo), acreditar em coisas como despacho de macumba, mau olhado etc. Usar amuletos como trevo, figa, etc. São graves pecados contra Deus: culto ao demônio; culto aos espíritos; Culto para conhecer o futuro e as coisas escondidas. Existem outros atos que também são de superstição, como os cultos dirigidos a Deus mas que não podem agradar a Deus: culto protestante e de outras falsas religiões.
Por falta
***Atos de irreligião
A irreligião consiste em desrespeitar as coisas de Deus e da Igreja Católica. Além disso, também faz parte da irreligião a negligência dos nossos deveres religiosos, como faltar à missa, não rezar, etc. É um pecado muito grave, pois nos leva a esquecer e desprezar a Deus, a quem estamos obrigados, por sermos criaturas e por termos sido salvos por Ele, a servir e a louvar toda nossa vida. A irreligião domina nossa sociedade. Os homens vivem esquecidos de Deus, num laicismo total, ou seja, tirando de suas vidas tudo aquilo que possa lembrar o Nome de Deus, vivendo como se Deus não existisse ou como se sua santa lei não nos obrigasse. Da irreligião nascem todos os vícios e erros que vemos hoje. É dever de todo católico combater com todas as forças a irreligião, vivendo santamente, segundo a Lei de Deus e de Sua Santa Igreja. A irreligião se manifesta também pelos atos de: 
Tentar a Deus - falta de respeito para com Deus, chamando por Ele para testá-Lo, para ver se Ele é mesmo poderoso.
Perjurar - jurar pelo Nome de Deus para coisas falsas ou que sabemos que não conseguiremos cumprir.
Sacrilégio - violar as pessoas, os lugares ou as coisas santas que foram consagradas ao culto de Deus.
Simonia - ganhar dinheiro com as coisas santas (o nome vem de Simão o Mago, que quis comprar dos Apóstolos os dons do Espírito Santo.
**Piedade filial e patriotismo
A piedade filial é a virtude que nos leva a venerar nossos pais e nossa pátria (patriotismo), devido ao fato de termos recebido deles a vida e todos os bens que a acompanham. Após os deveres para com Deus, não há nenhum outro que seja mais santo do que este. Por isso Deus escreveu nas tábuas da lei o quarto Mandamento, logo após os Mandamentos referentes à Deus. A virtude de piedade filial nos obriga ao respeito, deferência e obediência aos pais, assim como à assisti-los e ajudá-los em sua velhice e nas doenças. Para com a Pátria, devemos respeito e obediência aos governantes, obediência às leis e o dom de si mesmo, até sacrificar a própria vida, em caso de guerra justa contra seus inimigos.
**Obediência aos superiores
A obediência é a virtude que regula o relacionamento entre superiores e subordinados. É a obediência que leva o aluno a obedecer e respeitar seus professores, que leva os empregados a obedecerem e respeitarem seus patrões, os fiéis a obedecerem aos sacerdotes etc. Não é difícil compreender que hoje em dia quase ninguém pratica essa virtude. Basta ver quantas desobediências e revoltas marcam a vida dos filhos, que brigam e desrespeitam seus pais, dos empregados que só pensam em fazer greves e se rebelar contra seus patrões. Tudo isso é condenado por Deus, que nos pede obediência, respeito e submissão aos superiores.
**Gratidão
A gratidão ou reconhecimento é a virtude que nos ajuda a agradecer, não com palavras, mas com atos, todas as ajudas e bens que recebemos dos outros. Não somente a ingratidão é coisa muito feia, mas também devemos nos aplicar a devolver o bem que recebemos em medida ainda maior do que a que recebemos.
**Vingança
Existe uma virtude que desapareceu completamente da vida moderna. É o zelo pela vingança. Em que consiste? Em punir os erros dos que estão subordinados a nós, dando-lhes um castigo correspondente à gravidade do erro. Com este castigo, a pessoa que errou torna-se capaz de reparar o mal que fez. Por isso, a vingança é uma ótima virtude, pois ajuda aos outros a se corrigirem. Quando um pai não corrige seu filho, ele está alimentando o vício na alma do filho. Quando a polícia não castiga o bandido, ela está dando a impressão, ao bandido, que o crime compensa. etc.
Mas atenção! Trata-se de atos próprios à autoridade. É claro que se vingar de alguém que nos fez mal sem ter autoridade e sem ter a intenção de ajudar é próprio do orgulho e pode ser um pecado muito grave.
**Verdade ou veracidade 
A virtude da verdade é a virtude pela qual, em qualquer situação, somos aquilo que somos, nos nossos atos, nas nossas palavras, nos nossos pensamentos. Quando faltamos com essa virtude, somos mentirosos, hipócritas ou simuladores. Deus, que é a Verdade Eterna, nos deu o poder de falar e agir. Por isso devemos corresponder a esse dom de Deus, usando deste poder sempre no bem, exprimindo sempre a verdade.
Vício contrários à Virtude da Verdade
Mentira
A mentira é um ato ou uma palavra pela qual se exprime deliberadamente aquilo que não é.
Existem três tipos de mentira:
***Mentira jocosa - é dita para divertir, sem dano a ninguém.
***Mentira oficiosa - é dita para favorecer a alguém.
***mentira maliciosa - é dita para enganar ou prejudicar.
As duas primeiras são pecados veniais. A terceira é pecado mortal. Por isso, nunca devemos mentir, pois sempre estaremos faltando com a verdade e pecando.Eis alguns exemplos: Para brincar, dizemos que encontramos uma pessoa famosa, ou que vamos fazer uma viagem à Europa, etc. — é uma mentira jocosa. A brincadeira de primeiro de abril pode ser uma verdadeira mentira, quando se mantém a pessoa no engano muito tempo, dando um certo ar de seriedade à brincadeira. Para ajudar o irmão, dizemos ao papai que não foi ele que quebrou o vaso, quando sabemos que foi. — é uma mentira oficiosa. Para não levar um castigo, a menina diz à mãe que estudou muito para a prova, quando ficou vendo televisão... — mentira maliciosa, pecado mortal, contra o oitavo mandamento. Existem casos em que parece haver mentira mas não há: Quando as pessoas reunidas sabem que alguém pode estar brincando ao dizer algo, trata-se de uma brincadeira que não chega nem a ser mentira jocosa. Em geral, logo todos riem e a verdade é dita com clareza. Quando um jornalista inconveniente pergunta a um chefe de estado, ou a um general, ou a um ministro da fazenda etc. se isso ou aquilo vai acontecer, e a pessoa entrevistada não pode dizer a verdade, ela não mente ao dizer o contrário da verdade, pois aquele jornalista não tinha o direito de perguntar isso nem de saber a verdade. Em regra geral, nossa consciência sabe quando está pecando e dizendo uma mentira. Devemos ter um grande amor pela verdade e nunca faltar com ela. A mentira ofende a Deus e acabamos por nos acostumar, a possuir o vício da mentira. Os outros passam a nos considerar como falsos e hipócritas, pois acabam nunca sabendo se estamos falando a verdade.
**Amizade
A virtude da amizade é mais um dever que temos para com o próximo. Ela consiste em tratar os outros sempre com bons modos, sendo agradável no falar e no agir. É a virtude que forma a sociedade nos seus costumes de convivência social. O quinto mandamento nos obriga a viver em paz com nossos semelhantes. Podemos pecar contra a virtude da amizade por falta ou por excesso. Por falta, quando não damos muita atenção ao que possa agradar aos outros; por excesso quando não temos sinceridade nas nossas palavras, por lisonjear e por não manifestar nossa reprovação quando necessário.
**Liberalidade
É a virtude que harmoniza, em nossas almas, a possessão dos bens terrenos, principalmente do dinheiro. A liberalidade nos traz o desapego pelas coisas materiais junto com a generosidade ao saber dar nossas coisas aos mais necessitados. O sétimo e o décimo mandamentos se relacionam com a virtude da liberalidade. Os vícios opostos à liberalidade são: a avareza, quando queremos reter demasiadamente esses bens materiais. Estudaremos mais adiante a avareza, quando virmos os sete vícios capitais. ou a prodigalidade, quando temos tanto desapego a eles que esquecemos do nosso dever de estado e das nossas obrigações
Resumindo, vamos escrever em sequência as virtudes anexas à Justiça, para perceber como elas se dividem de acordo com a dignidade da pessoa com quem nos relacionamos:
Religião.=> Deus
Piedade filial =>Pais (pátria = terra do pai)
Obediência => Superiores
Gratidão =>Benfeitores
Vingança =>Malfeitores
Verdade, Amizade e Liberalidade =>Todos os homens

*Fortaleza
Faz-nos fortes no bem, na fé, no amor. Leva-nos a perseverar nas coisas difíceis e árduas, a resistir à mediocridade, a evitar rotina e omissões. Pela fortaleza vencemos a apatia, a acomodação e abraçamos os desafios e a profecia. É virtude dos profetas, dos heróis, dos mártires e dos pobres. A fortaleza dos mártires e a ousadia dos apóstolos, como também a força dos pequenos e dos fracos é um sinal do dom da fortaleza na vida humana e na história da Igreja. Hoje a fortaleza nos leva a enfrentar a depressão, o stress, o câncer, a AIDS, os golpes da vida. Grandes são os conflitos humanos, porém maior é a força para superá-los. A vida é luta renhida, dizia nosso poeta e a fé é um combate espiritual. “Coragem, Eu venci o mundo!” (Jo 16,33). Já podemos perceber como nossa vida vai depender da presença das virtudes em nossa alma. A vida do católico deve ser um exemplo de fidelidade à lei de Deus, aos seus mandamentos, à natureza humana, com todas as suas riquezas, mas também com todas as suas exigências. Muitas vezes parecerá difícil a realização dos nossos deveres para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Para que nós tivéssemos mais ânimo neste combate do dia a dia, Deus Nosso Senhor nos deu a virtude da Força. É a virtude que dá à nossa vontade a energia necessária para vencer os obstáculos que nos atrapalham na prática do bem. Devemos resistir, quer dizer, permanecer firmes na Fé, apesar dos ataques dos nossos inimigos e das nossas fraquezas pessoais. Devemos agir; ter Força é manifestar espírito de iniciativa, alegria na realização do dever de estado, perseverança no combate contra nossas paixões: o orgulho, o egoísmo, a raiva, a sensualidade, etc. Praticando os atos da virtude de Força, conseguiremos, com a graça de Deus, vencer as tentações, fugir dos pecados e das ocasiões de pecado que nos chamam com tanta força para o mal. Vejamos alguns exemplos: Na hora de estudar, sentimos aquela vontade de ir ver televisão... Sem a virtude da Força, cederemos à tentação e faltaremos ao nosso dever de estudar. Na escola, uma amiga ou um amigo virá nos mostrar uma revista cheia de figuras indecentes... A virtude da Força nos ajudará a não querer olhar. A toda hora precisamos dela: para trabalhar, para rezar com devoção e piedade, para estudar, para ajudar ao próximo, etc. 
Vícios contra a virtude da Força
**Acanhamento ou pusilanimidade - quando a pessoa não se decide a fazer o que deve, fica sempre na dúvida: é certo ou errado, devo fazer assim ou de outro modo, e acaba não fazendo o que deve. **Covardia - quando a pessoa foge da sua obrigação por medo.
**Respeito humano - é uma espécie de covardia que nos leva a não agir corretamente por medo das zombarias.
**Temeridade - quando uma pessoa se expõe sem necessidade ao perigo e à morte (falsa coragem). 
Virtudes morais anexas à Força
**Magnanimidade ou grandeza
A grandeza é a virtude que nos dá maior esperança de conseguir realizar as grandes ações, principalmente as ações que trazem maior honra e glória. É a virtude própria dos grandes realizadores, dos bravos soldados, dos mártires e dos santos.
Vícios contrários à Grandeza:
Por excesso
***Presunção - leva a pessoa a uma ação acima de suas forças
***Ambição - procura honras e posição acima dos próprios méritos
***vã glória - procura elogios e glória sem valor, desordenada, desviada da glória de Deus e do bem dos homens
Por falta
***pusilanimidade - é o pecado dos que tem forças para agir mas não agem, por medo de errar, por vergonha demasiada, por preguiça etc. É uma falsa humildade da qual devemos fugir.
** Generosidade ou magnificência
A generosidade consiste em saber gastar do que é seu para ajudar as obras que necessitam e para realizar o que deve ser realizado. Esta virtude supõe que a pessoa possua a riqueza correspondente. Ela é a virtude dos ricos que ajudam as obras de misericórdia, as casas religiosas. É a virtude dos fiéis que ajudam à Igreja no Culto Divino, nas construções necessárias, no sustento do padre. É também a virtude do pai que gasta seu dinheiro para construir um patrimônio para sua família.
Vícios opostos à Generosidade
***Gastar de menos: Não querer gastar o que é devido.
***Gastar demais: Esbanjar dinheiro que não tem.
**Paciência
A paciência é a virtude que nos leva a saber sofrer: suportar as tristezas e contrariedades da vida, principalmente no nosso relacionamento com o próximo, sabendo que nos espera as alegrias futuras no céu. Ela pode receber o nome de Longanimidade : é a paciência de esperar o tempo certo para o bem que esperamos. Ela será Constância quando nos leva a suportar as dificuldades materiais que ocorrem nas nossas ações. Quando há um medo do cansaço que virá pela duração da ação boa que praticamos, vencemos este medo pela virtude da Perseverança.
Vícios opostos à Perseverança
***Moleza
 É a fraqueza exagerada diante das dificuldades 
***Pertinácia, que é a obsessão de não ceder, não cessar uma ação, quando tudo indica que seria o caso de parar.

Temperança
É o auto controle, auto domínio, renúncia, moderação. A temperança ordena afetos, domestica os instintos, sublima as paixões, organiza a sexualidade, modera os impulsos e apetites. Abre o caminho para a continência, a castidade, a sobriedade, o desapego. É próprio da temperança o cuidado connosco mesmo, com os outros e com a natureza. A temperança não permite que sejamos escravos, mas livres e libertadores e nos encaminha para o cumprimento dos deveres e para a maturidade humana. Sem renúncia não há maturidade. Grande fruto da renúncia é a alegria e a paz.
A virtude da Temperança vem completar o quadro das quatro virtudes cardeais. Ela é o freio da nossa alma. A temperança é a virtude pela qual usamos com moderação dos bens temporais, quer eles sejam comida, bebida, sono, diversão, sexo, conforto, etc. Ela nos ensina a usar essas coisas na hora certa, no tempo certo, na quantidade adequada. Ela nos ensina que certos atos são reservados a certas situações. [Nos anos 60, os homens enlouquecidos entregaram-se a todos os tipos de pecado. Diziam que estavam quebrando o que eles chamavam de tabu do sexo. De lá para cá, as pessoas que queriam continuar obedecendo a lei de Deus, viram-se ameaçadas de todo tipo de repressão e de ameaças. Os costumes foram se degradando pouco a pouco. Hoje, já não há mais quem tenha noção dos critérios de avaliação dessas coisas. Dizer que existe uma lei natural, que essa lei natural foi explicitada por Deus nos Dez Mandamentos e confirmadas pela Igreja é expor-se ao ridículo. O que devemos concluir? Que eles criaram o tabu deles. O sexo nunca foi tabu para a Igreja, sempre foi visto em toda sua grandeza e também em seus pecados. Eles é que fizeram um tabu. Ai daquele que não fizer o que eles fazem! Ai daquele que não defender o nudismo e a pretensa liberdade de serem pornográficos. Só não me venham dizer que isso que eles criaram é próprio ao homem, que é elevado, que é marca de civilização, que é sinal de inteligência. Esse tabu que eles criaram é um instrumento de corrupção, de repressão, é puro fanatismo. Que eles tenham conseguido alcançar seu objetivo, muito bem, concedo; mas que um católico tenha de admitir essa situação e viver como se tudo isso fosse normal, e aceitar que suas filhas e filhos participem disso, isso eu não aceito. E deixo aqui, como que um grito de alerta: tirem seus filhos desse ambiente de puro liberalismo moral, das modas absurdamente indecentes, das praias onde não se pode levar uma criança sem provocar nela o pecado, dos namoros "sexualizados". Tudo isso é pecado grave contra Deus Nosso Senhor. É a marca da falta de amor por Deus e pelo Sangue de Cristo derramado na Cruz. E se vocês acharem que exagero, que o mundo mudou, que é preciso ser aberto, então só me resta dizer: esperem e veremos quem tinha razão. Na hora do juízo final, veremos todos eles correndo para dizer que amam a Deus, jurando que sempre O amaram, que ninguém lhes avisou que era tudo pecado.... Mas, então, será tarde demais.]
A Temperança nos ajudará a vencer os maus pensamentos e maus desejos, ajudará um casal a nunca trair o sacramento do matrimônio pelo adultério, etc. Todos esses maus pensamentos e maus desejos e ocasiões de pecado devem ser combatidos imediatamente, sem perda de tempo, com muita coragem e força, para que não se tornem pecados mortais. Na verdade, todas as quatro virtudes teologais se unem no combate da alma para praticar os Mandamentos de Deus.
É pecado um adulto beber cerveja? Não, desde que seja com moderação, nunca se permitindo perder o controle de si mesmo. É proibido fumar? Não, apesar de que o cigarro faz mal à saúde e deve sempre ser evitado. Mas os que fumam (adultos) não pecam se o fazem com boa medida. E o caso das drogas? As drogas não são como o cigarro ou a bebida. Quando o homem bebe vinho ou cerveja, ele quer saborear um produto, sentir o seu gosto. Quando ele fuma um bom tabaco, também sente o seu perfume e sente o seu gosto. Mas quando uma pessoa se droga, que seja maconha, cocaína, lança-perfume (éter), etc., ele não está provando um produto elaborado para o paladar, ele está querendo alterar o seu estado de espírito. Nesse caso, é como alguém que só bebesse para ficar embriagado. É um pecado grave, portanto, experimentar qualquer tipo de droga ou fumo, ou bebida que altere a consciência de si mesmo.
Também o conforto da vida moderna pode nos levar a pecar contra a Temperança. Reclamamos do calor, reclamamos do frio, não queremos nos levantar da cadeira nem para pegar um copo d'água, sempre achamos algo que nos desagrada nas coisas e nas pessoas. A virtude da Temperança nos ajuda a esquecer um pouco tudo isso e pensar mais em ajudar, em trabalhar, em vencer seus próprios defeitos. Devemos nos lembrar que sem a graça de Deus não há virtudes sobrenaturais na nossa alma. Devemos praticar as virtudes, mas lembrar sempre que é pelo amor de Deus, e que sua graça santificante é a maior recompensa que podemos ter, pois ela nos permite receber a Jesus no nosso coração, na comunhão, e, assim, fortificar nossa almas para o combate da vida. Assim como a Fé é a virtude que nos dá o conhecimento certo de Deus, assim também a Caridade é o verdadeiro amor de Deus. Para que nossa alma tenha verdadeiro amor por uma pessoa é preciso que ela primeiro conheça esta pessoa. Não podemos amar quem não conhecemos.
Virtudes morais anexas à Temperança ( equilibram os prazeres sensíveis)
**Abstinência => Equilibra o uso do comer e do beber. Aprendemos a seguir a reta razão no que toca à comida. Comemos moderadamente, evitamos comer fora de hora, aprendemos a sempre oferecer algum sacrifício, por menor que seja, quando estamos à mesa. O jejum que praticamos nos dias estabelecidos pela Igreja é uma excelente prática da virtude de abstinência.
Vício contrário à Abstinência
*** Gula
 **Sobriedade => Equilibra o uso da bebida alcoólica. A virtude da sobriedade nos ajuda a nunca abusar das bebidas que podem nos fazer perder o controle sobre nossas ações. É de extrema importância esta virtude, pois a bebida nos leva a cometer muitos outros pecados. Beber a ponto de ficar alterado é um pecado mortal. O bêbado torna-se inferior aos animais, pois estes nunca fogem da regra que o instinto lhes impõe.
**Castidade => Equilibra a capacidade que o homem tem de se reproduzir. 
A castidade é uma perfeição da nossa alma pela qual conseguimos viver segundo a pureza do nosso estado de vida, da nossa condição. Como sabemos que o homem só pode se unir à uma mulher se receber o sacramento do Matrimônio, a virtude da castidade nos obriga a fugir de tudo aquilo que poderia nos levar aos atos reservados às pessoas casadas. O que são estas coisas? As más companhias, as conversas imorais, as roupas indecentes, os namoros precoces e ousados, os filmes, revistas, novelas etc. que ensinam e mostram a impureza etc. Devemos ter um grande amor pela pureza e nunca violá-la. O corpo é o templo de Deus, que só será entregue a uma união se ela for abençoada por Deus no seu santo sacramento. A virtude da castidade, para algumas pessoas, é coroada com uma nova virtude, ainda mais elevada do que ela - a Virgindade. A virtude da virgindade consiste em oferecer a Deus a pureza do seu corpo, renunciando por meio de um voto, ou seja, de uma consagração, à união matrimonial. As pessoas que consagram sua virgindade a Deus, alcançam a mais profunda liberdade: ficam livres para se dedicar ao amor de Deus e de Sua Igreja. São os padres, monges e freiras.
O vício oposto à castidade
*** Luxúria. A luxúria nos leva a cometer os pecados contra a castidade (6º e 9º mandamentos). Como nós somos particularmente atraídos por esses pecados, devemos reagir também com convicção forte, muitas orações e penitências, sabendo que é sempre possível vencer as tentações, quando lutamos e pedimos as graças de Deus.
**Virtude da Humildade
Pela virtude da humildade, o homem regra tudo o que toca sua própria excelência de acordo com o soberano domínio de Deus, de modo que ele não queira ser mais do que é ou do que lhe convém, segundo o lugar e o grau determinados por Deus. Por si próprio o homem nada pode, e tudo que ele faz sem Deus é manchado pelo pecado. Por isso, ao considerar a si próprio em Deus, ele coloca-se no seu lugar verdadeiro, inclusive em relação ao próximo. Sendo assim, nada mais justo do que o homem se considerar sempre o último de todos, visto que sozinho ele nada pode.
O vício oposto à virtude da humildade
***Orgulho. Pelo orgulho desprezamos a Deus e a ordem estabelecida por Deus na criação. Passamos a nos preferir a todos e a querer dominar sobre todos, considerando-nos superior a todos. O orgulho é o vício da exaltação da própria excelência, a qual nos leva a cometer todos os demais pecados. Por isso o orgulho é o mais grave de todos os pecados, devido ao desprezo de Deus presente nele, e ele agrava ainda mais os demais pecados. Esta característica do orgulho faz dele um pecado capital - origem de outros pecados. Até mesmo o pecado de Adão e Eva, de comer do fruto proibido por Deus, antes de ser um pecado de gula, um pecado de desobediência grave a Deus, de curiosidade pela ciência, foi um gravíssimo pecado de orgulho. E sem esse pecado de orgulho, eles não teriam cometido esses outros. Existe no mundo atual uma repetição do orgulho de Adão e Eva. Os homens vivem hoje desprezando completamente a Deus e a sua Santa Lei. Como Adão e Eva, eles querem ser como deuses, governando a si mesmos, sem obedecer à Deus e à Sua Igreja.
**Estudiosidade
A virtude da estudiosidade regula na alma humana o desejo de aprender e conhecer. Ela se opõe ao vício da curiosidade, que é um desejo desordenado de conhecer ou saber o que não é da nossa conta ou algo que seja para nós ocasião de pecado. É muito frequente o pecado de curiosidade e nos leva a não controlar nossas paixões. Quantos filmes na televisão que as pessoas vêm por curiosidade, sabendo que as cenas que aí passam são pecaminosas e perigosas para a alma. Uma revista imoral, uma conversa inconveniente. Muitos pecados se originam pela curiosidade.
**Modéstia exterior
É a última virtude anexa à temperança. A modéstia exterior nos leva a manter sempre uma atitude correta e harmoniosa em tudo que fazemos. Essa atitude aparece na posição do corpo (saber se sentar direito, saber ficar de pé sem se esparramar pelas paredes, etc.), na voz (não ficar gritando à toa), nas roupas (não usar roupas que ofendem a Deus), nas diversões, etc. Existe uma tendência natural no homem de se vestir do mesmo modo que as demais pessoas. Mas não podemos esquecer que a lei de Deus é um limite à moda. Mesmo que todos usem uma roupa indecente, não podemos usá-la, pois sabemos que isso ofende a Deus. Quando Adão e Eva pecaram, Deus apareceu a eles e lhes determinou o castigo de cada um. A primeira coisa que Deus fez foi cobrir Adão e Eva com peles de animais, o que mostra que Deus dá importância à roupa que usamos. Nosso corpo não foi feito para ser mostrado. Sabemos que o corpo é um motivo de atração para o outro. Sabemos também que só no Sacramento do Matrimônio que o homem pode unir-se à mulher. Por isso devemos cobrir o corpo e não descobri-lo, para preservar nosso corpo puro para receber o Matrimônio.


http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco_bolla_20150411_misericordiae-vultus.html
https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/as-virtudes-cardeais/
https://permanencia.org.br/drupal/node/2093
https://permanencia.org.br/drupal/node/2111
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