domingo, 10 de novembro de 2019

Caminhos de São Francisco -13º Dia: Conclusão


Conclusão dos Caminhos de São Francisco
13ºdia – 06\10\19 – Assis - Fim do caminho e partida por conta própria de cada peregrino a estação de trem de Assis oferece á vários destinos dentro da Itália.
5:30 - Preparo matinal e da bagagem
6:30 -Táxi- Providenciado na véspera pela Ana, seguiram 3 das integrantes, os restantes foram mais tarde.
7:32- Trem até Termini
10:35- Trem para Roma (Aeroporto Fuimucino)
Depois que cada um dos três despachou a sua bagagem, fizeram um lanche em conjunto e houve troca de abraços (uma foi a companheira de quarto e a outra a Isabel que teve a amabilidade de tirar e enviar a foto em Montecasale) na despedida e cada um seguiu seu rumo.

No livro: "365 Giorni com San Francesco" está escrito para o dia 6 de Outubro (tradução):

"Aqueles que em todas as adversidades que suportam neste mundo, por causa de nosso Senhor Jesus Cristo, mantêm a paz de espírito e corpo em verdadeira paz". 
(Advertências, XV)


A cerca desta experiência fantástica com sensações maravilhosas,  cujas as palavras são poucas para as descrever, embora as fotos traduzem-nas e muito, como disse Confúcio e bem: "Uma imagem vale mais do que mil palavras", porém também com alguns momentos desagradáveis pelo caminho (mas estes foram necessários justamente para permitir esse resultado final),  ficam algumas reflexões:

Relativas ao terreno espiritual
1- O significado dos três nós contidos no fio do Tau Franciscano: Humildade, Obediência e Castidade, foi explicado no primeiro dia, quando foi fornecido um  a cada elemento do grupo, porém sem os nós, para que cada um os desse  à medida que achasse que era o momento certo de o fazer, apesar deles estarem presentes na mente durante todo o percurso e os tentar por em prática não foram dados nenhum nó no fio recebido, muito menos o colocado ao pescoço, nos primeiros dias por achar que ainda tinha muito que aprender, esperando que no final estaria com fio ao pescoço e com os três nós dados, porém dado o rumo dos acontecimentos, isso não aconteceu, ficou guardado junto com a vela também fornecida na altura. Diferente do fio já com os três nós do Tau adquirido em Assis aquando do recebimento do Testimonium do Peregrino, este não foi colocado ao pescoço, mas sim dependurado onde possa ser visto todos os dias. "O uso do Tau ao pescoço não deve ser usado como um adorno ou para mostrar aos outros que tem o "Espirito Franciscano", quem o tem, demonstra-o nas ações que pratica".

2- O conceito de humildade é a qualidade de quem age com simplicidade, uma característica das pessoas que sabem assumir as suas responsabilidades, sem arrogância, prepotência ou soberba. Em teoria, a humildade é tida como uma qualidade bastante positiva e benéfica, onde ninguém é pior ou melhor do que os outros, estando todos no mesmo nível de dignidade, de cordialidade, respeito, simplicidade e honestidade. A humildade é um sentimento de extrema importância, porque faz a pessoa reconhecer suas próprias limitações, com modéstia e ausência de orgulho. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. Os caminhos de São Francisco proporcionou em vários momentos verificar e comprovar uma frase muitas vezes ouvidas de uma das Estrelas Guia da vida: " A humildade cabe em qualquer lugar"; Daí que: "É uma sensação maravilhosa, muito gratificante quando percebemos a reação das pessoas diante da humidade espontânea contida nos nossos  gestos e ações praticadas, envolvendo cordialidade, respeito, simplicidade e honestidade, de igual modo,  a mesma sensação maravilhosa quando os outros nos tratam da mesma forma", como aconteceu diversas vezes nos lugares percorridos, com as pessoas encontradas ao longo dos caminhos ou nas localidades visitadas. "Sensação de estar "reproduzindo o Espírito Franciscano" por onde passava, embora não o sentisse no grupo"

3- "Obediência, um dos nós no fio do Tau, será relativa à Lei de Deus/Jesus Cristo ou relativa à lei da Ordem Franciscana?". Tentar aprender como ter obediência á Lei de Deus que São Francisco demonstrou na sua  profunda veneração por Jesus Cristo Crucificado, é uma das razões para fazer os "caminhos de São Francisco". Decorrente dos Caminhos, veio o "sussurro" de Deus: " A Obediência deve ser por Amor a Deus e não por temor  do Seu castigo"

4- São Francisco se flagelava fisicamente, portanto procurava o sofrimento para suportá-lo, este é o ponto de discordância: "Não deve ser a Vontade de Deus que o Homem procure ou provoque sofrimento, através da agressão física ou mental, contra si mesmo, mas sim suportá-lo  quando ele surgir, como Jesus Cristo fez".  Por ser um tema de grande relevância e de profundo interesse será o próximo projeto a ser executado.

5- Os caminhos de São Francisco reúne todas as condições para ser realmente  "um caminho da paz", porém:
" A Paz só será possível se  houver  paz no Espírito, na consciência e no coração, silêncio nos pensamentos que não estejam relacionados com o  percurso em que se caminha, bem como se não houver ruídos para além do som do silêncio, da natureza circundante ou dos cânticos de louvores e agradecimento ao Criador, caso haja quem os entoe".

Relativas ao terreno psíquico/mental ou emocional e expectativas
1- Quarta experiência (consecutiva) em percursos/excursões em grupo, tal como nas anteriores, foi negativa, com a diferença que, neste caso o negativo tornou-se positivo porque permitiu fazer o já citado anteriormente, "real caminho de São Francisco" a partir do quinto dia, após rompimento parcial com o grupo. Daí a elação:
"Nem todo o resultado negativo o é na realidade, pode ser em si negativo, porém pode ser o ponto de viragem necessário para um resultado global final positivo"

2- O objetivo inicial de fazer os "Caminhos de São Francisco", como nas ditas peregrinações anteriores, era encontrar o caminho para a própria vida, porém antes mesmo de acontecerem: "houve a compreensão de que não encontraria ali o que procurava, e assim foi, as peregrinações aconteceram, mas o objetivo não foi conseguido". Depois disso não se formulou nenhuma expectativa a não ser: "Encontrar um pouco de Paz ao percorrer os "Caminhos da Paz", percorridos por Francisco, onde surgiu a Oração de São Francisco e o Cântico das Criaturas", que foi conseguido a partir da metade do caminho.

3- Entoar os cânticos nos caminhos: Oração de São Francisco; Irmão Sol, Irmã Lua; Hino de Louvor e Glória a Deus; Impossível não Crer e  o Senhor é meu Pastor nada temerei, "fez com que houvesse Paz interior para percorrê-los, ao mesmo tempo, promoveu uma aproximação maior ao Criador e a tranquilidade da mente, reduzindo a angústia e tensão psíquica e, assim,  reequilibrando a energia vital".

4- Uma definição para os "Caminhos de São Francisco" : "Percorrer os Caminhos de São Francisco é fazer "meditação em movimento" entre uma subida e outra"

5- A maneira de olhar para a vida modifica-se enquanto  se percorre os "Caminhos de São Francisco": "O tempo deixa de existir, não há passado e nem futuro, só o presente existe ( que exige concentração ou atenção ao caminho para encontrar a sinalização da trilha e não se perder ou para evitar acidentes como tropeçar num obstáculo e cair; O relógio deixa de ser necessário, não há o stress dos horários, (embora no último dia fora imprescindível para poder regressar, já que os meios de transportes sai no horário estipulados); Carregar somente o que é essencial ou imprescindível, deixar o peso do supérfluo para trás; Valorizar pequenos gestos de amabilidade, cordialidade, generosidade, porque são de valor inestimável para quem os recebe se os perceber e  quem os dá recebe a gratificação da sensação de bem estar interior, também de valor inestimável; Redescobrir o encanto, fascínio e a beleza da natureza, como se fosse uma criança que olha fascinada as cores das borboletas nos seus voos acrobáticos pousando aqui e acolá içando voo ou no ballet de duas borboletas diante dos seus olhos ou fascinada pelo espetáculo mágico de cores de um Por do Sol

6- Uma sensação fascinante,  ao percorrer os "Caminhos de São Francisco"  foi de: "Estar sempre acompanhado, apesar de não existir ninguém ao lado. E foi de que: "Os pássaros e os cães saúdam os caminhantes que por ali passam".

7- Ao percorrer os "Caminhos de São Francisco" automaticamente "dois verbos foram (e deveriam ser sempre) aplicados: "Louvar (a Deus) e agradecer (a Deus, a Natureza e a todos em que se encontrou hospitalidade, amabilidade ou foram prestativos". 

8- Diante das contrariedades e adversidades ou dificuldades surgidas deve-se: "Aceitar sem reclamar procurando se adaptar ou encontrar forma de superar e ultrapassar, esta foi mais uma lição aprendida e aplicada nos "caminhos de São Francisco", e que deve ser extrapolada para os caminhos da vida.

Relativas ao terreno físico 
1- Primeira experiência como peregrino no real sentido da palavra, num percurso pedonal de longa distância, por trilhas nas florestas, bosques (antes desta, foram duas, como descrito em  "Postagens" anteriores, embora também denominadas peregrinações, naquele sentido não o fossem), no segundo dia do roteiro, onde oficialmente começou à peregrinação a primeira elação:
 "Não faz sentido… isto é apenas uma prova de resistência física que gera stress"
Fruto da mente estar ocupada com o momento interior difícil e longo que está atravessando e pelos pensamentos ditados pela ansiedade, gerada a partir da preocupação pela incerteza de conseguir caminhar tantos quilômetros, já que o máximo que tinha feito seriam quando muito mais ou menos seis quilômetros e se não fosse capaz seria vexatório, principalmente, para quem, outrora, fora desportista, até bem pouco tempo atrás (embora de desporto coletivo e ser competitiva e exigente, inclusive consigo mesma).

2- A dificuldade de algumas subidas e descidas encontradas, relacionado com o referido no primeiro item, a cerca da resistência física, fizeram com que experimentasse técnicas que  intuitivamente foram desenvolvidas no passado remoto ao subir, até a pedra da Gávea e relembradas no passado recente (meses antes ao subir uma passagem aérea de pedestre onde o cansaço logo surgiu e a lembrança de que no caminho seriam muito maiores em termo de distância e de angulação do que aquela e que teria que arranjar uma forma de superar, que foram parcialmente aplicadas nas peregrinações e excursões anteriores a esta):
- Subida: "ir num ritmo constante sem paragens, com a respiração correspondente à passada" (ou como foi mencionado no grupo nas primeiras subidas :"num fôlego só") mas para isso necessita ou que esteja na frente de todos se estiver em grupo, ou então esperar que a última pessoa do grupo esteja a uma distância que não obrigará a que se tenha que "frear" e diminuir o ritmo).
"inclinar o tronco para frente próximo ao joelho que está flexionado como se estivesse subindo o degrau de uma escada, a anca como se tivesse sentando, a força maior nos pés exercida sobre os metatarsos " (se houver "compasso de espera" no meio da subida, manter essa posição, para que todo o corpo "memorize" e "assuma" que o movimento continua, não é um novo começo)
- Descida: "tronco reto com ligeira inclinação para trás, joelhos também retos e a força maior nos pés exercida sobre os calcanhares".

3-Ainda em relação à resistência física a experiência confirmou que "a alimentação, bem como a água, deve ser regrada, somente o necessário para o funcionamento do organismo, os excessos dificultam o desempenho e acarretam a necessidade de utilizar  com mais frequência o banheiro
(fator de preocupação para as pessoas que não estão habituadas a ir "no matinho"), aliás, os Caminhos de São Francisco, confirmaram ou mostraram que "todo e qualquer excesso é negativo e prejudicial para o corpo, espírito ou  mente".

4- Relacionada aos excessos mencionados no item anterior, surge a questão das recomendações feitas pelos médicos relativas ao número de refeições e consumo de água diário: Como explicar a resistência e a sobrevivência daqueles que muitas vezes só comem uma refeição por dia ou às vezes nem isso? Nos Caminhos, durante doze dias os hábitos alimentares praticados contrariam as indicações recomendadas, inclusive no que tange à ingestão de água, durante os percursos foram somente alguns goles, o que não repercutiu na altura nenhuma consequência no desempenho, muito pelo contrário, foi fator preponderante para alcançá-lo, daí a reflexão sobre o excesso no sentido do que vai além do necessário ser prejudicial, contudo, se foi um acontecimento ímpar, extraordinário, neste caso aplica-se  a frase "Há mais entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia consegue alcançar" e apoia outra frase, ouvida algures no passado: "O médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe", porque, os  médicos (e também os não médicos) se esquecem, não aceitam ou não percebem que: "Há mais entre o Céu e a Terra do que a Medicina pode alcançar" (recriando com a junção das duas frases anteriores).

Relativas a outros terrenos
 A frase "Há mais entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia consegue alcançar" poderá justificar ou explicar :
1- A coincidência deste "post" ser publicado hoje, quando em Portugal mais especificamente em Braga, foi celebrada a Canonização do Frei Bartolomeu dos Mártires (um Domenicano, Arcebispo dessa Diocese em 1559 e 1582), pelo Papa Francisco (um Presbítero Jesuíta que adotou o nome como referência ao Francisco de Assis) falando precisamente a cerca dos Caminhos de um Santo, São Francisco de Assis, canonizado em 1228 (dois anos após a sua morte).

2-  Episódios relacionados com São Francisco, de um momento para o outro, desde quando iniciou-se a busca pelo "Caminho de São Francisco":  Na véspera da partida, na missa,  a "Oração de São Francisco". No trajeto para La Verna e na véspera do regresso (em Assis), nuvens formando um "TAU";  Conhecimento sobre a custódia das Igrejas Católicas pelos Franciscanos  na Terra Santa (na Basílica das Nações um Franciscano disponibilizou-se para ouvir a Confissão; A estátua de São Francisco abraçado a Jesus Crucificado;  Procissão e a Eucaristia feita pelos Franciscanos; Recepção feita por um Padre Franciscano). Contacto casual com missionários Franciscanos antes dos Caminhos. Em Viena Missa Dominical na Igreja de São Francisco. 

3- As Peregrinações encadeadas (busca de um caminho e sentido para a vida) :  "Peregrinação à Grécia: Caminhos de Paulo"  1ª tentativa de inscrição sem resposta;  2ª tentativa sem êxito, ficando em lista de espera, porém inscrição à "Peregrinação à Terra Santa". Desconhecimento da existência dos Caminhos de São Francisco, contudo, inscrição num grupo de Peregrinos que ainda não estava formado. Duas semanas antes do início da Peregrinação à Grécia a inscrição foi efetivada.

O que existe entre o Céu e a Terra que a nossa vã filosofia não consegue alcançar é a manifestação da Vontade,  dos Desígnios,  da Onipotência, Onipresença e Omnisciência de  Deus.

Louvor e Glória a  Deus por todas as maravilhas realizadas!
Graças e Louvor a Deus por todas as Bênçãos recebidas.

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