domingo, 10 de novembro de 2019

Caminhos de São Francisco - 24/9-6/10/2019- Preparação Prévia (2)

O "Caminho Franciscano da Paz" de 2019 (Setembro-Outubro) teve uma preparação prévia, através de textos enviados por correio eletrônico pela organizadora, Ana Mattioli, transcritos:
(Continuação)

29/julho de 2019
Cari pellegrini!!!
Pace e bene!





Envio abaixo algumas informações e peço também para que quando já tiverem o bilhete aéreo, envie as seguintes informações abaixo para melhor nos organizarmos enquanto a chegada em Roma;

Nome do peregrino;
Companhia aérea;
No. do vôo;
Horarios;
Horario de chegada em Roma;
INFORMAÇÕES e o que levar;
1-Moeda /euro:Sugerimos levar para a viagem cartão de crédito e euro, pois iremos caminhar pelo interior e em algumas cidades não tem caixa eletrônico. Levar sempre notas com valores pequenos,  pois no comercio as notas de 500 e 200 euros normalmente não aceitam dizem que não tem troco!?!, o motivo é a falsificação. 
 2 - Proibido pelas companhias aéreas internacional:
Ë proibido como bagagem de mão, qualquer objeto cortante como;
Alicate, tesoura, canivete, faca, sementes, ervas para chá. Recipiente com líquidos é permitido somente 100ml e os mesmos terão que estar dentro dos saquinhos plásticos com  lacre .
3- Remédios;
Sugerimos que os remédios sejam condicionados fora das caixas em saquinhos assim diminuirá o volume, a mesma conduta para os cremes e xampu, em potes menores.
Na Itália existem burocracias para compra de remédio nas farmácias, aconselhamos que em caso de necessidade leve  do Brasil em quantidade suficiente para a estadia.
 4- Roupas:
Na Itália nas igrejas não é permitido entrar de short, saia curta, blusas de alça e camisetas sem manga, como sugestão para as peregrinas levar um chalé para cobrir os ombros na hora de visitação.
 5 – Visitação em museus e igrejas
Em determinados locais não é permitido tirar fotos ou filmar caso desobedeça existe multas e constrangimento.
 6- Ônibus /metro/trem:
Todos funcionam com sistema de bilhete os quais devem ser validados nas maquinetas dentro ou fora do transporte /não perca estes bilhetes, não os rasure e não se esqueça de validar a multa é grande e a repreensão pior.....
 7-Corrente elétrica
A corrente elétrica é de 220
 8- Condicionamentos físicos  
A Região da Úmbria é montanhosa e o caminho que iremos fazer será bem variado em dificuldades média\alta predominando as dificuldades maiores em subidas e descidas com isto segue a sugestão de que a partir de agora buscar intensificar o condicionamento físico.  .
 9 - Cadeado
Caso utilize o apoio de bagagem é interessante usar o cadeado que servirá tb para maior segurança com os pertences dos peregrinos.
 10 – Refeição
 Caso seja vegetarianos  nos – avise.
 11- Cajado
Alguns peregrinos preferem colher  os galhos que estão caídos nas trilhas , fora isso não se encontra a disposição do peregrino cajados de madeira. Ficando assim a critério de cada peregrino levar o bastão ou colher um cajado na própria trilha, mas não se esqueçam que é muito importante e necessário ter algo para se apoiar nas subidas e descidas.
 12 - Clima:
Será primavera e o caminho percorre uma  região serrana normalmente pela manhã e noite, costuma esfriar um pouco. Temperatura: 17 a 28 graus.
 13 - Abrigo:
Sugiro um abrigo leve ou parkha térmica para temperatura moderada, podendo ser levado como bagagem de mão no avião, pois durante o vôo e o ar condicionado ligado,  somente a manta que a companhia aérea  oferece e dependendo do peregrino não é o suficiente.
 14 - Saco de Dormir:
NÃO será necessário levar, todas as hospedagens que iremos utilizar nos dará roupa de cama.
 15 -Toalha de Banho:
Não será necessário levar, todas as hospedagens que iremos utilizar nos dará toalha , PORÉM aconselho levar 01 das de fralda para qualquer imprevisto.
 Bota ou tênis:


01 par - Fica opcional a cada peregrino, o importante é que tenha um solado com aderência próprio para trilha e confortável. Alguns peregrinos optam pela bota para proteger o tornozelo. E faça desde já seu companheiro caso seja nova para amaciar.
 16 - Sugestão: 
Caso o peregrino ache necessário: Leve 01 de cada - joelheira\ tornozeleira\ munhequeira.
 17 –Bota ou tênis:


01 par - Fica opcional a cada peregrino, o importante é que tenha um solado com aderência próprio para trilha e confortável. Alguns peregrinos optam pela bota para proteger o tornozelo. E faça desde já seu companheiro caso seja nova para amaciar.

18 -Capa de chuva:

As melhores são do modelo Poncho que cobrem tudo.

 19 - Boné ou Chapéu

 Dependendo do horário o sol pode estar forte, além do boné ou chapéu leve protetor solar e óculos escuros.
 20 – Mochila
Como teremos apoio de bagagem, cada peregrino poderá utilizar do apoio somente para uma mochila de no maximo de 10quilos.
SUGESTÃO: é interessante levar consigo uma pequena mochila para o dia a dia no caminho, pois servirá para levar o lanche de trilha, agua, capa de chuva etc....
 21 -Meias – 03 pares
Que sejam indicadas para atividades que necessitem de máxima proteção e conforto com costura plana evita atrito nos dedos e tornozelos, que mantenham o suor afastado da pele deixando os pés arejados e secos.
 22 - Calças – 02
 Confortáveis com total liberdade de movimentos tipo Cargo que tem zíper na região dos joelhos para convertê-la em bermuda e com alguns bolsos e secagem rápida.
 23 - Blusa segunda pele manga comprida –01– Com superfície interna absorve a umidade do corpo e a transporta para a parte externa do tecido acelerando a evaporação e mantendo seu corpo seco e em temperatura estável.
 24 - Camiseta –03 – manga curta para trekking
 25 - Lanterna - 01 – pequena.
 26 –Pochete de tecido  – 01 – para ser usada dentro da roupa, para guardar dinheiro, passaporte e outros documentos.Tecido confortável,com abertura por zíper e fita elástica regulável para prender na cintura.
Sugestão colocar o dim-dim dentro de um saquinho plástico para evitar umedecer com o suor do corpo.
 27 - Havaiana – 01 par – para banho e descansar a quem nos leva o dia todo.
 28 - Peça intima –    Mulher - 03 conjuntos  \ \   Homem – 4 cuecas
 29 - Cantil e canivete – opcional
 30 - Remédio – os de uso próprio\relaxante muscular\antigripal\antitérmico\esparadrapo micropore.
31 - Pijama – o mais velhinho, a critério de cada, lembrando que as acomodações na maioria das vezes serão compartilhadas.
 32 - Xampu e sabonete – não custam caro na Itália e são encontrados facilmente com isso não é necessário levar em embalagem grande.
 33 - Filmadora \celular\maquina de retrato – opcional
.Poderá ser recarregado, sugestão levar adaptador universal de tomada.
34- Vacina de febre amarela : Não é exigência da emigração italiana o cartão de vacina da febre amarela, porem como estamos tendo casos da doença em algumas cidades do Brasil, aconselho que o peregrino providencie a mesma, porem terá que trocar o cartão do posto de saúde para o cartão de vacinação internacional, para qualquer esclarecimento o peregrino deve entrar em contato com a ANISA em sua própria cidade, ou tb nos aeroportos internacionais.


Ana Lucia Mattiolli Noceti
www.caminhofranciscanodapaz.org
peregrino.s.f@gmail.com

Tel. 31-32257261

 Cari pellegrini....

3 de Agosto de 2019
Pace e Bene!


Un felice finale di settimana!!!

A mulher e São Francisco
Quem conhece a história da Igreja sabe quão pouca promoção mereceu a mulher dentro de uma instituição conduzida por homens.
A cosmo visão de Francisco, nascida mais da intuição do que de um sistema filosófico, captava todos os problemas que afligissem o homem, e tentava oferecer pistas que ajudassem sua superação. Nesta análise cabe perfeitamente algo sobre sua visão a respeito da mulher, cuja posição, na Idade Média, é conhecida. Aliás, a posição da mulher era tributária de toda uma tradição, herdada pelo cristianismo do judaísmo, onde a mulher desempenhava uma função inteiramente secundária e dependente, a ponto de se duvidar de sua igualdade, como ser humano, com o homem. Até nomes famosos da própria teologia tentavam teses, em que ficaria provada a inferioridade feminina à masculina.
Inclusive, quem conhece a história da Igreja sabe quão pouca promoção mereceu a mulher dentro de uma instituição conduzida e modelada exclusivamente por homens os trabalhos do Vaticano hoje estão a par das tentativas de recuperar a mulher, seu papel e sua influência, e conseqüentemente dar-lhe um lugar de igualdade dentro dos parâmetros sociais. Esforço digno de nota de trazê-la da periferia para o centro da vida, embasando, assim, todo o movimento em prol da mulher desenvolvido nas últimas décadas, na tentativa de acabar com a discriminação.
Interessante observar que também neste particular Francisco de Assis deixou sua influência e agiu de forma concreta e prática. Não contornou ou definiu o problema nas linhas claras com que o descrevemos hoje, mas o intuiu, com suficiente clareza, para, com palavras e ações, deixar perceber as incongruências com que o homem tratava a mulher e as injustiças que contra ela se cometiam, baseando-se numa tradição e numa legislação, por sua vez, igualmente injustas. Percebeu o pouco espaço que lhe era cedido no lar, na sociedade, na vida civil, na Igreja, como se, em verdade, fosse de menoridade, ou de limitação intelectual, de maneira que lhe era vedado o acesso a qualquer forma de cultura, temendo-se que pela cultura ela procurasse a liberdade, que no fundo sabiam, lhe era devida. Longe estava, pois, a mulher de ter reconhecido seu papel teológico e social, e conseqüentemente, seus dotes e capacidades de atuar criativamente na história e na construção do mundo. Sem dúvida, no século XI e XII, o amor cortês a retirara da obscuridade e a colocara em plena luz, sem, porém colocá-la na realidade, pois este tipo de amor a idealizou e a espiritualizou em demasia, tornando-a, antes, fonte de inspiração que co-participante do homem na edificação do mundo. Tornou-se objeto de uma espécie de culto, mas era uma idealização "in genere", enquanto cada mulher, como indivíduo, continuava sua sina subalterna. Se a fase anterior a colocara na sombra, esta fase a elevara à luz e, em ambos os casos, afastada da realidade, confinada ao lar ou aos conventos, segundo um adágio latino da época: mulier aut murus aut maritus (mulher: ou convento ou casamento).
Na religião, além disso, havia certa desconfiança em relação à mulher, pois representava sempre um perigo para o homem. Seria ela a eterna sedutora, a Eva que com seus encantos levaria o homem a fazer, sempre de novo, a dolorosa experiência da maçã proibida do Paraíso, com suas trágicas conseqüências. Por isso, mil prescrições para mulheres que entravam no convento, separadas por grades e muros, por clausuras e proibições de contatos, ingresso em recintos de religiosos, preocupações no trato religioso-mulher, com prescrições severas, inclusive, em ordem à confissão. Todos os indícios claros da desconfiança de que a religião se revestia em relação ao sexo frágil, que aparecia como forte, pois capaz de seduzir o dito sexo forte.
Francisco, estranhamente, não se alinhou a esta forma de conceber de tratar a mulher e, aqui também, teve seu modo original. Não só pensou, mas agiu. Antes de tudo, na consulta ao Evangelho, de onde nasciam suas intuições, deu-se conta do papel de Nossa Senhora. "Impregnado das realidades do Evangelho - diz um Autor - ele salva a mulher, tanto da sofisticação do idealismo, quanto das mitologias do erotismo. Se Francisco sacrifica no altar de Dama Pobreza as alegorias graciosas do amor cortês, tal dama jamais empana a realidade feminina de Clara e de Jacoba. Em vão se buscarão na vida de São Francisco as alegorias das tentações de Santo Antão... Sem com isso querermos afirmar que São Francisco esteve isento das tentações da carne, como sabemos de sua vida. Mas, por sua maneira de comportar-se frente à mulher, descobrimos o sólido realismo em que se inspira..."
Ficam mais bem ilustradas sua concepção e sua visão, quando o analisamos em seus relacionamentos com Clara de Assis, a primeira mulher que compreendeu sua mensagem e sua forma de vida e percebeu que a mulher também poderia tomar lugar nesta revolução da vivência do Evangelho. Ele a tratou como alguém que tem liberdade, capacidade de tomar decisões, direito de escolher seu gênero de vida. Atitude revolucionária na época, pois, para a sociedade de então, cabia aos pais decidirem quais as filhas que abraçariam o matrimônio e quais deveriam fechar-se num convento.
Quando clara, fugindo dos muros do palácio paterno e, conseqüentemente, da autoridade paterna, o procurou em plena noite, no domingo de Ramos de 1212, elea recebeu, vestiu-a com hábito religioso, consagrou-a ao Senhor, reconhecendo como plenamente válida a escolha que ela acabara de fazer.
Um episódio ilustra a pureza de intenções e o reconhecimento do papel da mulher em São Francisco. Numa noite de luar, envolto pelos encantos da natureza, Frei Francisco e o companheiro Frei Masseo chegam junto a um poço, em cuja limpidez a lua se refletia, em toda sua beleza.
- O que vês no fundo das águas, Frei Masseo?
- Ora, Pai,vejo a lua, naturalmente...
- Não - respondeu Frei Francisco - é o rosto de Irmã Clara iluminado com a luz do luar. Ouço-lhe a voz cristalina que canta como a água..
Não é apenas um poeta cantando à sua amada, como Tomás Antônio Gonzaga, versejando para Marília, ou um celibatário, num momento de arrependimento por ter escolhido outro caminho, mas é o homem que reconhece o papel da mulher que, no caso de Francisco, serviu de inspiração, a que vale dizer, estímulo para chegar mais perto da perfeição que se propusera buscar. Admira-nos que os biógrafos do tempo tenham registrado tal episódio, pois se esforçavam por ocultar tudo quanto pudesse respirar a "carnalidade" de um santo. Se o fizeram, pois, é que reconheceu tratar-se da expressão humana de uma vivência divinizada e equilibrada, o que, longe de desmerecer, afirmava-se como um valor.
Outra mostra de que se esforçou para que a mulher recuperasse seu lugar e, sobretudo, tomasse consciência de que tinha um lugar ao sol, foi à formação que intentou transmitir a Santa Clara. Segundo os desejos dela, a presença de Francisco no Mosteiro de São Damião seriam muito freqüente, inclusive as consultas, mas ele espaçava as visitas, obrigando Clara a tomar as decisões, pois afinal era ela a Abadessa do Mosteiro, portanto capaz de decidir livremente. Após muitos rogos, consentiu que Clara fosse até a Porciúncula, para, com a comunidade dos frades, tomarem uma refeição. Cortava tudo quanto alimentasse dependências, o que é notável numa época em que o Direito Canônico e os usos eclesiásticos tornavam a mulher completamente dependente, em todos os momentos e circunstâncias, da parte masculina.
Tão bem aprendeu Clara a lição que, um dia, quando o Papa a quis dissuadir de abraçar a pobreza radical e a quis mitigar, ela, com humildade, mas com corageme decisão também, reagiu energicamente. Que o Papa exercesse sua função sacerdotal: perdoar pecados. No mais, sabia ela o suficiente sobre a pobreza, para escolhê-la, abraçá-la, vivê-la e amá-la, pois herdara e aprendera de Francisco. Não seriam os homens dos palácios papais que viriam ensiná-la a ser mais ou a ser menos pobre... E o Papa não viu nisso nenhum gesto de rebeldia, mas aceitou aquela prova inicial do movimento feminista bem orientado para a verdadeira libertação da mulher.
Outra mulher que Francisco admitiu no círculo de suas amizades foi a nobre romana Jacoba que, em atenção ao seu espírito forte e equilibrado, ele a chamava de Fra Jacoba, isto é, Frei, nome reservado aos homens, onde se percebe a nítida intenção de afastar qualquer insinuação ou apelo menos nobre, já que abraçara um estado de vida que lhe impunha um modo de comportamento e de relacionamento com a mulher. Conhecia e apreciava as amizades serenas, não na acolhida do ingênuo ou do místico neurótico, mas no conhecimento pleno de quem conhece a vida, pois seu biógrafo e companheiro anota: "mandava evitar totalmente o mel venenoso que é a familiaridade com as mulheres, que induzem ao erro até os homens santos". Palavras que parecem fazer uma concessão à mentalidade da época, que via na mulher um perigo latente.
Com Fra Jacoba cultivou uma amizade sincera, visitando-a e hospedando-se em sua casa, quando de visita a Roma, aceitando o favor de um hábito ou de outras necessidades materiais, aliás, poucas. Na última hora de sua vida, quando todos os desejos do mundo iam silenciando e, quando nas palavras cantadas do Salmo pedia a libertação absoluta de todas as cadeias terrenas, ainda se permitiu um desejo terreno: ver Fra Jacoba e comer os bolinhos de amêndoas, como só ela sabia fazer. É a ternura que não foi sufocada no homem austero e que o acompanha até as portas da morte. Afinal, tinha ensinado que a cortesia era um cartão de visita para o Pai. Cavalheiro e cortês até o fim. Respeitoso e realista até a morte.
Dentre as notas que compõem a riqueza do termo franciscanismo fica em destaque, sem dúvida, a do respeito e do reconhecimento do papel da mulher, o que se reflete, igualmente, na maneira como a Teologia franciscana vai enfocar Nossa Senhora, ao lado de Cristo, na realização do plano de Deus.
Extraído do livro " São Francisco vida e ideal", da Editora Vozes



Ana Lucia Mattiolli Noceti
www.caminhofranciscanodapaz.org
peregrino.s.f@gmail.com



10de Agosto de 2019

Ciao cari pellegrini....
Buono finale di settimana!!



São Francisco e o Islã
Sem dúvida São Francisco é a pessoa que mais compreendeu a mensagem de Jesus, visto que contrariando a tradição de ostentação e riqueza da Igreja, ele reforma o cristianismo criando uma nova forma de viver os ensinamentos de Jesus. Muitos católicos negam, mas São Francisco criou uma seita dentro da Igreja (no bom sentido da palavra) visto que reformou muitos pontos absurdos na época da própria Igreja visto que não existia nada semelhante à Ordem Franciscana dentro da Igreja. Ele foi tão revolucionário que deu uma lição de moral ao papa mostrando ao mesmo a contradição entre a riqueza da Igreja e os ensinamentos de Jesus. Isso não só resultou na aceitação da Ordem por parte do papa, mas fez o mesmo se curvar diante de São Francisco reverenciando-o. Essa é uma das passagens da vida deste santo (um dos poucos verdadeiros dentro da Igreja) mais significantes pra mim pois retoma a própria lição que Jesus dá aos sacerdotes no luxuoso Templo de Jerusalém quando ele cita a clássica parábola dos lírios do campo.
Entretanto não quero falar dos milagres do santo, mas do aspecto mais impressionante dele: seus ensinamentos suas influências. Em 1209 após sua revelação por Deus e consciência de sua missão Francisco de Assis junta 12 discípulos (assim como Cristo e Buddha) e inicia o que mais tarde seria a Ordem Franciscana. A característica mais notável da ordem é o modo de vida simples, o que na Idade Média era a pobreza, visto as condições da época. Se Francisco vivesse na Índia pregaria o caminho do meio de Buddha, e se vivesse nos dias de hoje pregaria a moderação. Nem do exagero, nem da falta, apenas o necessário para sobreviver e o suficiente para ter uma vida digna. Mas a humildade de São Francisco não é primeiramente material, mas espiritual. O respeito ao próximo (sejam humanos ou animais) é sem dúvida o maior ensinamento de Francisco, visto que em plena Idade Média onde o desrespeito ao ser humano reinava, o santo conseguiu resgatar a lei básica de qualquer religião: O amor e o respeito ao próximo e como conseqüência desse ato pessoal a construção da paz, tanto interior quanto exterior.
Algo que chama a atenção é a similaridade entre os ensinamentos do Islã e os de São Francisco, uma vez muitos aspectos dos ensinamentos de Mohammed são idênticos aos de Francisco. Essa proximidade doutrinária é explicada pelo fator Cruzadas que fez com que a Igreja mandasse missionários aos campos de batalha. Francisco foi um desses enviados. E nessas viagens ao oriente ele entrou em contato com a cultura árabe descobrindo as similaridades do cristianismo com o Islã, algo que em plena Idade Média era impensável, visto a ignorância e o preconceito religioso naquela época. Caso não saibam assim como no cristianismo, hinduísmo, jainismo e budismo, o Islã também possui ordens monásticas, nesse caso fundadas no seio do Sufismo, a corrente mística do Islã. O Sufismo é um ramo do Islamismo que prega a união do homem com Deus por meio da sabedoria e do conhecimento da Palavra de Deus, nesse caso expressa pelo Corão.
Assim como qualquer livro sagrado, o Corão também é um livro filosófico que não deve ser interpretado ao pé da letra, visto que contém uma sabedoria tão profunda quanto os Evangelhos, o Tanakh (escritura judaica), os Sutras (escrituras budistas), os Vedas (escrituras hindus), e os Kitáb's (escrituras bahá'ís). Com o intuito de descobrir o real significado das palavras do Corão, filósofos e teólogos muçulmanos criaram o Sufismo que se dividiu em várias ordens com a mesma ideologia, entretanto com diferentes práticas. Uma dessas ordens é a Ordem Dervixe também chamada de Ordem Mevlevi. Os pontos de coincidência entre a Ordem Franciscana e a Dervixe é impressionante. Primeiro ambas as ordens pregam a ajuda ao próximo como fator de salvação. Um dos pilares do Islã é justamente a "esmola", erroneamente traduzida na nossa sociedade capitalista como dar dinheiro. Entretanto o sentido original desse pilar religioso diz respeito à ajuda ao próximo, não necessariamente financeira. Tanto os Franciscanos como os Sufis inicialmente saiam às ruas teorizando e praticando seus ensinamentos, isto é, pregando o Evangelho e o Corão e ajudando os necessitados, curando, consolando, dando abrigo ou comida, afinal, não há melhor maneira de praticar os ensinamentos de Deus do que com o próximo.
Outro ponto interessante é a saudação franciscana "Que a Paz de Deus esteja convosco". Segundo Francisco esta é a benção que Deus lhe enviou, entretanto a mesma bênção está presente no Islã com a famosa frase "Salaam Aleikum" que também significa "Que a Paz de Deus esteja convosco". Do ponto de vista histórico esta é mais uma prova do contato de Francisco com os povos árabes que o influenciaram não só na doutrina, mas também na ética franciscana. Do ponto de vista filosófico isso mostra que Deus tanto se revelou no Cristianismo como no Islamismo. Entretanto o que mais impressionante nisso é o nome da ordem fundada por Francisco: A Ordem dos Irmãos Menores. Ora, se essa fraternidade é "menor", então existe uma fraternidade "maior", o que realmente é verdade, visto que a única ordem religiosa da época tida como "maior" era uma ordem Sufi chamada "Grandes Irmãos", fundada pelo místico muçulmano Najmuddin, "O Grande"! Assim como os franciscanos eles usam túnicas amarradas com faixas e capuz, sendo a cor da túnica branca (Branco é a cor da humildade no Islã. Curiosamente todos que vão na peregrinação à Meca vão de branco para assim demonstrarem humildade e igualdade perante Deus). Isso prova que São Francisco teve contato com o Sufismo aderindo a várias práticas e ensinamentos Islâmicos, até porque o próprio santo tinha um profundo respeito pelos muçulmanos. E as coincidências não param por aí.
A doutrina desse místico muçulmano se baseava no respeito por todas as formas vivas, visto que eram criação de Deus. Esse santo muçulmano (sim, os muçulmanos também possuem seus santos, entretanto não os veneram como os católicos) tinha tanto respeito para com a natureza a ponto de recitar os versículos do Corão para os animais, louvando assim toda a criação! Sem dúvida São Francisco foi influenciado pela simplicidade e a humildade dos Sufis. Não é a toa que a única Ordem cristã que foi respeitada pelos muçulmanos foi a Franciscana, visto que todas as outras, vinculadas ao Vaticano, obedeciam a todas as ordens de Roma, assim condenando o Islã e os muçulmanos como inimigos do cristianismo (a dominicana foi uma dessas ordens que criou uma campanha anti-islâmica durante as cruzadas, visto a sua total submissão ao papa, algo que futuramente faria dela uma das articuladoras da Inquisição). Diferente, a Ordem Franciscana conseguiu algo nunca imaginado durante as cruzadas: A coexistência e o respeito entre o Cristianismo e o Islamismo.
Em 1217 Francisco é enviado aos árabes para tentar convertê-los. Era certo que eles seriam mortos, como os demais missionários de outras ordens que foram enviados. Entretanto Francisco concretizou um dos mais belos momentos do ecumenismo quando ele cruza o campo de batalha em Damietta, Egito, onde estavam os cruzados e os árabes e vai se encontrar pessoalmente com o sultão Malik el-Kamil. O rei, um sábio entre os sultões da época reconheceu a nobreza e humildade de Francisco. Isso criou um dos mais belos encontros ecumênicos onde Francisco dialogou com el-Kamil sobre os pontos comuns entre o Islã e o Cristianismo, onde o santo valorizou o fator de humildade e respeito ao próximo contido nos ensinamentos muçulmanos. Após esse encontro, o rei, impressionado com os ensinamentos do religioso, permitiu que Francisco e seus frades visitassem Jerusalém e seus locais sagrados. E mais, permitiu que trafegassem e pregassem em terras muçulmanas. Ora, se os ensinamentos pregados por Francisco fossem diferentes do Islã certamente os muçulmanos não permitiriam isso. E mesmo que não fossem, afinal, há pontos divergentes entre o Cristianismo e o Islã, o rei tomou uma atitude puramente Sufista, o respeito às outras religiões, afinal o Islã reconhece o Judaísmo e o Cristianismo como religiões reveladas por Deus.
Outro ponto interessante nisso foi que São Francisco tentou converter o sultão ao Cristianismo, e mesmo o rei se recusando, devido ao respeito e a admiração do sultão para com o religioso Malik disse a Francisco ao despedir-se do mesmo: "Reze para que Deus me revele qual Lei e fé é a mais agradável para Ele. Vai em paz, com a paz do meu Deus, e a paz do seu Deus", que completando a frase, utilizou-se de um dos mais belos versículos do Corão: "Nosso Deus e vosso Deus são um só, e a Ele estamos submetidos" (Corão, 29:46). Isto mostra sem dúvida que os muçulmanos respeitavam os cristãos, só não podiam respeitar a Igreja, afinal, ela criou uma guerra para conquistar Jerusalém dos muçulmanos, centro comercial da época, e assim conquistar mais bens (como sempre um ato político é justificado como sendo religioso). Isso fez com que Francisco ficasse indignado, é tanto que ao retornar aos exércitos cristãos tentou fazê-los desistir da guerra, entretanto sem sucesso. Isso mostra o respeito e a consciência de Francisco em relação à Igreja e a realidade mostrando que ele não era um simples monge apaixonado pelo cristianismo. Era um ser humano consciente que queria tornar o mundo melhor, livre do egoísmo, livre do preconceito, livre da ignorância.
Sem dúvida Francisco reformou a Igreja Jesus, não a Igreja Católica, mas a Igreja que reside no interior de cada um. Afinal, o mesmo compreendeu o significado das palavras de Jesus vindas do crucifixo recriando o modo como as pessoas seguiam Jesus, agora não por meio de sacrifícios, mas de obras.
Esse aspecto de uma igreja interna, é mostrada no Evangelho de Tomé, onde Jesus diz que o "Reino de Deus está dentro de nós, não em templos de madeira e pedra". Isso realmente me impressiona, visto que se aceitarmos a revelação de Jesus para com Francisco, isto é uma prova da validade do Evangelho de Tomé onde o próprio Jesus revela ao santo o real significado de sua mensagem. Por isso São Francisco foi o mais autêntico cristão a ponto de não só seguir os ensinamentos de Jesus, mas mostrar ao mundo um meio de segui-lo por meio do amor próximo, do respeito às religiões, e da consciência do mundo. Infelizmente estamos cegos diante de nós mesmos não vendo que o que o mundo precisa é de um modo mais simples e menos egoísta de se viver, pois só assim nos tornaremos instrumentos Deus para implantarmos no mundo a Paz que nos foi revelada nas diversas religiões.

17 Agosto de 2019
Ciao pellegrini!!


buono finale di settimana!!



Entrando na Unicidade de Francisco
A Unicidade de Francisco é o estado supremo da consciência: uma percepção auto transformada de nossa união com o infinito. Está além do tempo e do espaço. Trata-se de uma experiência da infinitude que é a eternidade, da união ilimitada com toda a criação. Nossa percepção do "eu", socialmente condicionada, despedaça-se e destrói-se devido a uma nova definição pessoal de si, do eu. Nesta nova conscientização do eu, a pessoa torna-se idêntica a toda a humanidade, a toda a vida e ao universo. As habituais barreiras do ego se desmoronam na medida em que o ego ultrapassa os limites do corpo e, de súbito, torna-se um com tudo aquilo que existe. O eu torna-se integrado à Alma Superior ou Mente Superior.
Neste momento, o jogo do ego chega ao fim e o eu torna-se abnegado (Sacrifício voluntário do que há de egoístico nos desejos e tendências naturais do homem, em proveito de uma pessoa, causa ou idéia). É um estado de paz que está muito além de todo entendimento, que traz consigo luz, iluminação, libertação, experiência mística. É um estado de percepção radicalmente diferente de nossa compreensão comum de nossa mente cotidiana; é um despertar da consciência. Uma sensação de profunda paz em relação aos outros e de harmonia lógica com o mundo. É a consciência de que o Universo é movido segundo a Força do Amor e que há para ele, um plano cósmico, uma ordem moral.
A Unicidade de Francisco traz consigo a percepção de que o "eu" e o "outro" estamos unidos e cria homens novos ou "renascidos pelo espírito". Ela transforma a desoladora falta de sentido da vida em uma noção de que tudo faz sentido, de que tudo está certo. Ela transforma a configuração absurda da existência em uma visão de mundo que dá lugar à exuberância inevitavelmente esperançosa, uma vez que o sujeito descobre o desígnio fundamental onde, anteriormente, havia apenas percepções e experiências desconexas e confusas.
A Unicidade de Francisco proporciona ao homem uma coragem, amabilidade, compaixão, integridade e uma sanidade fora do comum; um estado de espírito que exerce uma poderosa influência sobre os outros homens. Estes homens passam a recomendar constantemente aos demais seres humanos que se preparem, por meio da oração, das boas ações, do estudo e da meditação, para receberem esta dádiva divina, ou em outras palavras, a Graça de Deus.
Esta dádiva não pode ser imposta ou prevista; quando ocorre, ela é sempre uma surpresa e deve ser buscada "Com todo o teu coração e com toda a tua alma e com toda a tua força e com toda a tua mente", segundo o grande curador de almas, Jesus.
A Unicidade de Francisco, por melhor que seja a discrição feita, não pode ser conhecida senão por experiência própria, através da iluminação. O máximo que se pode trazer a mente são símbolos que não alcançam ao simbolismo, uma vez que os símbolos são sempre inferiores à realidade que eles representam.
A Unicidade de Francisco leva a emotividade a um grau inacreditável para aqueles que nunca a testemunharam... é um estado altamente emocional e está além das palavras. Na Unicidade de Francisco, o intelecto e a intuição se fundem. Há uma fusão do insight com instinto, que resulta numa nova condição do ser. Para aquele que vivencia tal experiência, a compreensão lhe chega através da utilização de todos os canais de sensação e percepção.
A Unicidade de Francisco quebra o antigo estado normal de consciência que exclui a percepção de nossa afinidade com a criação, de nossa união com o Divino. Isso provoca uma sensação de êxtase, ex stasis, que significa sair de um modo de pensamento e de percepção, biológica e culturalmente determinado, e entrar num estado místico. Neste estado, o homem retorna ao estado primordial de afazeres, só que num estado mais elevado, se tornando superconsciente da sua condição. É paradoxal: ao recuperar sua natureza animal, o homem torna-se seguidor de Francisco.

Ana Lucia Mattiolli Noceti
www.caminhofranciscanodapaz.org
peregrino.s.f@gmail.com

24 de Agosto de 2019
Ciao pellegrini!!
Buono finale di settimana!






Locais e Símbolo Franciscanos
Tau - Símbolo e significados
Há certos sinais que revelam uma escolha de vida. O TAU, um dos mais famosos símbolos franciscanos, hoje está presente no peito das pessoas num cordão, num broche, enfeitando paredes numa escultura expressiva de madeira, num pôster ou pintura. Que escolha de vida revela o TAU? Ele é um símbolo antigo, misterioso e vital que recorda tempo e eternidade. A grande busca do humano querendo tocar sempre o divino e este vindo expressar-se na condição humana. Horizontalidade e verticalidade. As duas linhas: Céu e Terra! Temos o símbolo do TAU riscado nas cavernas do humano primitivo. Nos objetos do Faraó Achenaton no antigo Egito e na arte da civilização Maia. Francisco de Assis o atualizou e imortalizou. Não criou o TAU, mas o herdou como um símbolo seu de busca do Divino e Salvação Universal.
TAU, SINAL BÍBLICO
Existe somente um texto bíblico que menciona explicitamente o TAU, última letra do alfabeto hebraico, Ezequiel 9, 1-7: "Passa pela cidade, por Jerusalém, e marca com um TAU a fronte dos homens que gemem e choram por todas as práticas abomináveis que se cometem". O TAU é a mais antiga grafia em forma de cruz. Na Bíblia é usado como ato de assinalar. Marcar com um sinal é muito familiar na Bíblia. Assinalar significa lacrar, fechar dentro de um segredo, uma ação. É confirmar um testemunho e comprometer aquele que possui o segredo. O TAU é selo de Deus; significa estar sob o domínio do Senhor, é a garantia de ser reconhecido por Ele e ter a sua proteção. É segurança e redenção, voltar-se para o Divino, sopro criador animando nossa vida como aspiração e inspiração.
O TAU NA IDADE MÉDIA
Vimos o significado salvífico que a letra hebraica do TAU recebe na Bíblia. Mas o TAU tem também um significado extra bíblico, bastante divulgado na Idade Média: perfeição, meta, finalidade última, santo propósito, vitória, ponto de equilíbrio entre forças contrárias. A sua linha vertical significa o superior o espiritual, o absoluto, o celeste. A sua linha horizontal lembra a expansão da terra, o material, a carne. O TAU lembra a imagem do sustentáculo da serpente bíblica: clavada numa estaca como sinal da vitória sobre a morte. Uma vitória mística, isto é, nascer para uma vida superior perfeita e acabada. É cruz vitoriosa, perfeição, salvação, exorcismo. Um poder sobre as forças hostis, um talismã de fé, um amuleto de esperança usado por gente devota sensível.
O TAU DO PENITENTE
Francisco de Assis viveu em um ambiente no qual o TAU estava carregado de uma grande riqueza simbólica e tradicional. Assumiu para si a marca do TAU como sinal de sua conversão e da dura batalha que travou para vencer-se. Não era tão fácil para o jovem renunciar seus sonhos de cavalaria para chegar ao despojamento do Crucificado que o fascinou. Escolhe ser um cavaleiro penitente: eliminar os excessos, os vícios e viver a transparência simples das virtudes. Na sua luta interior chegou a uma vitória interior. Um homem que viveu a solidão e o desafio da comunhão fraterna; que viveu o silêncio e a canção universal das criaturas; que experimentou incompreensão e sucesso, que vestiu o hábito da penitência, que atraiu vidas, encontrou um modo de marcar as paredes de Santa Maria Madalena em Fontecolombo, de assinar cartas com este sinal. De lembrar a todos que o Senhor nos possui e nos salva sob o signo do TAU.
O TAU FRANCISCANO
O TAU franciscano atravessa oito séculos sendo usado e apreciado. É a materialização de uma intuição. Francisco de Assis é um humano que se move bem no universo dos símbolos. O que é o TAU franciscano? É Verdade, Palavra, Luz, Poder e Força da mente direcionada para um grande bem. Significa lutar e discernir o verdadeiro e o falso. É curar e vivificar. É eliminar o erro, a mentira e todo o elemento discordante que nega a paz. É unidade e reconciliação. Francisco de Assis está penetrado e iluminado, apaixonado e informado pela Palavra de Deus, a Palavra da Verdade. É um batalhador incansável da Paz, o Profeta da Harmonia e Simplicidade. É a encarnação do discernimento: pobre no material, vencedor no espiritual. Marcou-se com este sinal da luz, vida e sabedoria.
O TAU COMO IDEAL
No mês de novembro de 1215, o Papa Inocêncio III presidia um Concílio na Igreja Constantiniana de Roma. Lá estavam presentes 1.200 prelados, 412 bipos, 800 abades e priores. Entre os participantes estavam São Domingos e São Francisco. Na sessão inaugural do Concílio, no dia 11 de novembro, o Papa falou com energia, apresentou um projeto de reforma para uma Igreja ferida pela heresia, pelo clero imerso no luxo e no poder temporal. Então, o Papa Inocêncio III recordou e lançou novamente o signo do TAU de Ezequiel 9, 1-7. Queria honrar novamente a cristandade com um projeto eclesial de motivação e superação. Era preciso uma reforma de costumes. Uma vida vivida numa dimensão missionária mais vigorosa sob o dinamismo de uma contínua conversão pessoal. São Francisco saiu do Concílio disposto a aceitar a convocação papal e andou marcando os irmãos com o TAU, vibrante de cuidado, ternura e misericórdia aprendida de seu Senhor.
O TAU NAS FONTES FRANCISCANAS
Os biógrafos franciscanos nos dão testemunhos da importância que São Francisco dava ao TAU: "O Santo venerava com grande afeto este sinal", "O sinal do TAU era preferido sobre qualquer outro sinal", "O recomendava, frequentemente, em suas palavras e o traçava com as próprias mãos no rodapé das breves cartas que escrevia, como se todo o seu cuidado fosse gravar o sinal do TAU, segundo o dito profético, sobre as fontes dos homens que gemem e lutam, convertida mente a Jesus", "O traçava no início de todas as suas ações", "Com ele selava as cartas e marcava as paredes das pequenas celas" (cf. LM 4,9; 2,9; 3Cel 3). Assim Francisco vestia-se da túnica e do TAU na total investidura de um ideal que abriu muitos caminhos.
TAU, SINAL DA CRUZ VITORIOSA
Cruz não é morte nem finitude, mas é força transformante; é radicalidade de um Amor capaz de tudo, até de morrer pelo que se ama. O TAU, conhecido como a Cruz Franciscana, lembra para nós esta deslumbrante plenitude da Beleza divina: amor e paz. O Deus da Cruz é um Deus vivo, que se entrega seguro e serenamente à mais bela oferenda de Amor. Para São Francisco, o TAU lembra a missão do Senhor: reconciliadora e configuradora, sinal de salvação e de imortalidade; o TAU é uma fonte da mística franciscana da cruz: quem mais ama, mais sofre, porque muito ama, mais salva. Um poeta dos primeiros tempos do franciscanismo conta no "Sacrum Comercium", a entrega do sinal do TAU à Dama Pobreza pelo Senhor Ressuscitado, que o chama de "selo do reino dos céus". À Dama Pobreza clamam os menores: "Eia, pois, Senhora, tem compaixão de nós e marca-nos com o sinal da tua graça!" (SC 21,22).
O TAU E A BÊNÇÃO
Francisco se apropriou da bênção, transcreveu-a com o próprio punho e deu a Frei Leão: "Que o Senhor te abençoe e te guarde. Que o Senhor mostre a tua face e se compadeça de ti. Que o Senhor volva o teu rosto para ti e te dê a paz. Irmão Leão; o Senhor te abençoe!" Sob o texto da bênção, o próprio Frei Leão fez a seguinte anotação: "São Francisco escreveu esta bênção para mim, Irmão Leão, com seu próprio punho e letra, e do mesmo modo fez a letra TAU como base". Assim, Francisco, num profundo momento de comunicação divina, com delicadeza paternal e maternal, abençoa seu filho, irmão, amigo e confidente. Abençoar é marcar com a presença, é transmitir energias que vêm da profundidade da vida. O Senhor te abençoe!
O TAU E A CURA DOS ENFERMOS
No relato de alguns milagres, conta-se que Francisco fazia o sinal da cruz sobre a parte enferma dos doentes. Após ter recebido os estigmas no Monte Alverne, Francisco traz em seu corpo as marcas do Senhor Crucificado e Ressuscitado. Marcado pelo Senhor, imprime a marca do Senhor que salva em tudo o que faz. Conta-nos um trecho das Fontes Franciscanas que um enfermo padecia de fortes dores; invoca Francisco e o santo lhe aparece e diz que veio para responder ao seu chamado, que traz o remédio para curá-lo. Em seguida, toca-lhe no lugar da dor com um pequeno bastão arrematado com o sinal do TAU, que traz consigo. O enfermo ficou curado e permaneceu em sua pele, no lugar da dor, o sinal do TAU (cf. 3Cel159). O Senhor identifica-se com o sofrimento de seu povo. Toma a paixão do humano e do mundo sobre si. Afasta a dor e deixa o sinal de Amor.
A COR DO TAU
O TAU, frequentemente, é reproduzido em madeira, mas quando, pintado, sempre vem com a cor vermelha. O Mestre Nicolau Verdun, num quadro do século XII, representa o Anjo Exterminador que passa enquanto um israelita marca sobre a porta de sua casa um TAU com o Sangue do Cordeiro Pascal que se derrama num cálice. O Vermelho representa o sangue do Cordeiro que se imola para salvar. Sangue do Salvador, cálice da vida! Em Fontecolombo, Francisco deixou o TAU grafado em vermelho. O TAU pintado na casula de Frei Leão no mural de Greccio também é vermelho. O pergaminho escrito para Frei Leão no Monte Alverne, marca em vermelho o Tau que assina a bênção. O Vermelho é símbolo da vida que transcende, porque se imola pelos outros. Caminho de configuração com Jesus Crucificado para nascer na manhã da Ressurreição.
O TAU NA LINGUAGEM
O TAU é a última letra do alfabeto judaico e a décima nona letra do alfabeto grego. Não está aí por acaso; um código de linguagem reflete a vivência das palavras. O mundo judaico e, conseqüentemente, a linguagem bíblica mostram a busca do transcendente. É preciso colocar o Deus da Vida como centro da história. É a nossa verticalidade, isto é, o nosso voltar-se para o Alto. O mundo grego nos ensinou a pensar e perguntar pelo sentido da vida, do humano e das coisas. Descobrir o significado de tudo é pisar melhor o chão, saber enraizar-se. É a nossa horizontalidade. A Teologia e a Filosofia são servas da fé e do pensamento. Quem sabe onde está parte para vôos mais altos. É como o galho de pessegueiro, cortado em forma de tau é usado para buscar veios d'água. Ele vibra quando a fonte aparece cheia de energia. Coloquemos o tau na fonte de nossas palavras!
O TAU, O CORDÃO E OS TRÊS NÓS
Em geral, o Tau pendurado no pescoço por um cordão com três nós. Esse cordão significa o elo que une a forma de nossa vida. O fio condutor a síntese da Boa Nova são os três conselhos=obediência, pobreza, pureza de coração. Obediência significa acolhida para escutar o valor maior. Quem abre os sentidos para perceber o maior e o melhor não tem medo de obedecer e mostra lealdade a um grande projeto. Pobreza não é categoria econômica de quem não tem, mas é valor de quem sabe colocar tudo em comum. Ser pobre, no sentido bíblico-franciscano, é a coragem da partilha. Ser puro de coração é ser transparente, casto, verdadeiro. É revelar o melhor de si. Os três nós significam que o obediente é fiel a seus princípios; o pobre vive na gratuidade da convivência; o casto cuida da beleza do seu coração e de seus afetos.
O Monte Alverne – La Verna
Na Toscana, existe um monte rochoso e coberto de bosques, inacessível e sublime, com fendas horríveis cobertas de musgo e de frescor. Há muitos anos, o conde Orlando de Chiusi lhe doara, em sinal de devoção, para que se servisse dele nos seus encontros com Deus.
Em agosto de 1224 subiu Francisco com alguns irmãos os mil e trezentos metros do Monte Alverne. É difícil ao turista que sobe hoje de automóvel esse monte, imaginar o que significava para Francisco, já esgotado, viajar a lombo de burro pelos caminhos sinuosos até chegar ao cimo da montanha, onde ela parece abrir-se subitamente, oferecendo, do alto duma rocha íngreme, vista para os vales lá embaixo. Cuidados, privações e enfermidades tinham enfraquecido o corpo desse homem de quarenta e dois anos. Francisco sempre se sentiu à vontade nos cumes das montanhas. Desejava afastar-se das últimas preocupações a respeito de sua Ordem, das decepções e da falta de compreensão.
Pediu que o levassem a uma abertura na rocha, onde ainda se vê uma grade no lugar em que ele dormia; pode-se supor que não foi mudada muita coisa naqueles blocos de pedra úmidos e mofados.
Ano após ano, penetrava cada vez mais na essência de Deus até chegar à mais elevada forma que se possa imaginar na terra: à contemplação mística de Deus. É esta contemplação mística que ele experimentará de uma forma única na solidão do Alverne, pelo espaço de quarenta dias (de 15 de agosto até 29 de setembro, festa de São Miguel). Ele se retira do convívio de seus irmãos e só o irmão Leão pode lhe levar diariamente um pouco de pão e água durante a sua viagem mística ao invisível.
(Do livro Francisco de Assis, Profeta de Nosso Tempo, de N. G. Van Doornik)
O Crucifixo de São Damião fala a Francisco
O jovem Francisco encontrava-se numa crise espiritual, cheio de dúvidas e trevas. "Conduzido pelo Espírito", entra na igrejinha de São Damião, onde se prostra, súplice, diante do Crucifixo. Tocado de modo extraordinário pela graça divina, encontra-se totalmente transformado. É então que a imagem de Cristo Crucificado lhe fala: "Francisco, vai e repara minha casa que está em ruína".
Francisco fica cheio de admiração e "quase perde os sentidos diante destas palavras". Mas logo se dispõe a cumprir esse "mandato" e se entrega todo à obra, reconstruindo a igrejinha. Depois pede a um sacerdote, dando-lhe dinheiro, que providencie óleo e lamparina para que a imagem do Crucifixo não fique privada de luz, mas em destaque naquele santuário.
A partir de então, nunca se esqueceu de cuidar daquela igrejinha e daquela imagem.
Francisco parecia intimamente ferido de amor para o Cristo Crucificado, participando da paixão do Senhor, de quem já trazia os estigmas no coração e mais tarde, em 1224, receberia as chagas do Cristo em seu próprio corpo.
Segundo Santa Clara, está visão do Crucifixo foi um êxtase de amor radiante e impulso decisivo para a conversão de Francisco.
Entre os estudiosos ainda existe uma dúvida a ser esclarecida: ao ouvir o Cristo do Crucifixo, Francisco pensa na igrejinha material de São Damião. Mas nada impede de se pensar que se trata do "templo de Cristo no coração de Francisco e nos corações dos homens".
Enfim, a própria oração de Francisco diante do Crucifixo de São Damião sugere antes a reparação "espiritual" da casa do Senhor, crucificado no coração.
Tanto que ele pede especialmente pelas três virtudes teologais (fé, esperança e amor) para poder cumprir esse "mandato" de Cristo.
Por Frei Vitório Mazzuco
O Serafim alado - Os Estigmas (Chagas)
Dos "Fioretti" - Terceira consideração dos Sacrossantos Estigmas
"Um dia, no princípio de sua conversão, ele rezava na solidão e, arrebatado por seu fervor, estava totalmente absorto em Deus e lhe apareceu o Cristo Crucificado. Com esta visão, sua alma se comoveu e a lembrança da Paixão de Cristo penetrou nele tão profundamente que, a partir deste momento, era-lhe quase impossível reprimir o pranto e suspiros quando começava a pensar no Crucificado".
E rezava:
"Ó Senhor, meu Jesus Cristo, duas graças eu te peço que me faças, antes de eu morrer: a primeira é que, em vida, eu sinta na alma e no corpo, tanto quanto possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua dolorosa Paixão.
A segunda, é que eu sinta, no meu coração, tanto quanto for possível, aquele excessivo amor, do qual tu, filho de Deus, estavas inflamado, para voluntariamente suportar uma tal Paixão por nós pecadores".
Da Legenda Menor de São Boaventura, Capítulo 6
"Francisco era um fiel servidor de Cristo. Dois anos antes de sua morte, havendo iniciado um retiro de Quaresma em honra de São Miguel num monte muito alto chamado Alverne, sentiu com maior abundância do que nunca a suavidade da contemplação celeste. Transportado até Deus num fogo de amor seráfico, e transformado por uma profunda compaixão por aquele que, em seus extremos de amor, quis ser crucificado, orava certa manhã numa das partes do monte.
Aproximava-se a festa da Exaltação da Santa Cruz, quando ele viu descer do alto do céu, um serafim de seis asas flamejantes, o qual, num rápido vôo, chegou perto do lugar onde estava o homem de Deus. O personagem apareceu-lhe não apenas munido de asas, mas também crucificado, mãos e pés estendidos e atados a uma cruz. Duas asas elevaram-se por cima de sua cabeça, duas outras estavam abertas para o vôo, e as duas últimas cobriam-lhe o corpo.
Tal aparição deixou Francisco mergulhado num profundo êxtase, enquanto em sua alma se mesclavam a tristeza e a alegria: uma alegria transbordante ao contemplar a Cristo que se lhe manifestava de uma maneira tão milagrosa e familiar, mas ao mesmo tempo uma dor imensa, pois a visão da cruz transpassava sua alma como uma espada de dor e de compaixão.
Aquele que assim externamente aparecia o iluminava também internamente. Francisco compreendeu então que os sofrimentos da paixão de modo algum podem atingir um serafim que é um espírito imortal. Mas essa visão lhe fora concedida para lhe ensinar que não era o martírio do corpo, mas o amor a incendiar sua alma que deveria transformá-lo, tornando-o semelhante a Jesus crucificado.
Após uma conversação familiar, que nunca foi revelada aos outros, desapareceu aquela visão, deixando-lhe o coração inflamado de um ardor seráfico e imprimindo-lhe na carne a semelhança externa com o Crucificado, como a marca de um sinete deixado na cera que o calor do fogo faz derreter.
Logo começaram a aparecer em suas mãos e pés as marcas dos cravos. Via-se a cabeça desses cravos na palma da mão e no dorso dos pés; a ponta saía do outro lado. O lado direito estava marcado com uma chaga vermelha, feita por lança; da ferida corria abundante sangue. Frequentemente, molhando as roupas internas e a túnica. Fui informado disso por pessoas que viram os estigmas com os próprios olhos.
Os irmãos encarregados de lavar suas roupas, constataram com toda segurança que o servo de Deus trazia, em seu lado bem como nas mãos e pés, a marca real de sua semelhança com o Crucificado".
Tomás de Celano - Vida II, 211
"Francisco já tinha morrido para o mundo, mas Cristo estava vivo nele. As delícias do mundo eram uma cruz para ele, porque levava a cruz enraizada em seu coração. Por isso fulgiam exteriormente em sua carne os estigmas, cuja raiz tinha penetrado profundamente em seu coração".
Outros textos: 1Cel, 94; Legenda Maior, 13,35,69


Ana Lucia Mattiolli Noceti
www.caminhofranciscanodapaz.org
peregrino.s.f@gmail.com

31 de Agosto de 2019
Cari pellegrini...
Buono finale di settimana !!!


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O relacional materno na figura de São Francisco
A figura materna sempre fora de especial importância para Francisco de Assis. Em seu processo de conversão e rompimento com a família, embora muito doloroso, fora consideravelmente marcante a terna imagem de sua mãe (dona Pica, ou Giovana di Bernardoni, mesmo que seu nome sequer tenha sido preservado com segurança pela tradição). Os relatos biográficos demonstram que, nos momentos de maior dificuldade, quando iniciara sua missão, Francisco de Assis encontrou na figura materna grande parte do apoio necessário à sua vocação e vivência de fé. Não raros são os relatos a respeito da fineza e polidez recebidos de sua mãe, clássicos exemplos disso são o amor que santo nutria pelas histórias de Cavalaria francesa e as músicas gauleses que cantarolava, ambos heranças maternas.
Talvez pudéssemos até afirmar, após uma leitura aprofundada da personalidade de Francisco de Assis, que o santo fora capaz de, ao integrar-se a tal ponto com o universo criado, acabou por integrar também, em si mesmo, dois polos fortemente distintos: o cavalheiresco masculino e o maternal feminino. Elementos estes que lhe proporcionaram um modo diferenciado de ser e de ver o mundo: a partir do olhar amoroso, do cuidado e da afeição, num pleno testemunho de “alteridade” (em termos contemporâneos). “Modus vivendi” mantido por Francisco por toda sua vida, a ponto de fazer o pedido aos seus Frades, desde o início da Ordem, para que fossem ternos e afáveis uns para com os outros, assim como mães a seus filhos, repetindo em mais de um dos seus escritos: “Cada um ame e nutra seu irmão, como a mãe ama e nutre seu filho, naquilo em que Deus lhe der a graça”. (Regra Não Bulada 9, 11). “Se por um lado Francisco exclui a designação de pai, por outro, introduz o atributo de mãe”[1].
O tema do feminino em São Francisco, visto de um primeiro momento, pode ser uma resposta pessoal – psicológica. Trata da mulher conforme a experiência que todo homem faz em si, as dimensões femininas, quando se refere ao equilíbrio arquetípico de anima e animus.
Assim, o feminino em São Francisco se revela em toda a sua dimensão de ternura e promoção da vida, tendo como resultado a sua vida de fraternidade com todos os seres.
Se olharmos com mais profundidade, esta fraternidade nos revela um dado novo, uma resposta diferente para a sociedade de seu tempo. Este dado porém é bíblico, apresenta a mulher como irmã, como companheira: E Deus criou o homem à sua imagem... Varão e mulher ele os criou.

O olhar maternal

Para São Francisco o lugar da Mãe é o daquela que gera a vida, que possibilita a vida acontecer, e a suporta até as últimas conseqüências. Assim ele também se relaciona com a Mãe de Deus. Na “Saudação à Mãe de Deus”, ele descreve Maria com substantivos que são características daquilo que ele entende ser o papel da mãe: Palácio, Tabernáculo, Morada, Manto, Serva e Mãe do Senhor. Estes substantivos transformam-se em adjetivos para aqueles que querem seguir a Cristo, isto é, transformar-se em “ser mãe”, integrar em sua vida esta dimensão maternal.
O olhar filial
Como diz o Dicionário Franciscano no verbete Mulher: “A terceira figura feminina da ‘tríade’ é a ‘filha’... A primeira figura de mulher que vem à nossa mente quando falamos de filha de São Francisco é Santa Clara”. Porém muitas vezes coletamos nos escritos dos biógrafos uma imagem de que o próprio Francisco se faz filho quando chama seus irmãos de mãe. Isto é, entra nesta dimensão de relação de deixar vir à luz.
A dimensão de irmandade e amizade
A novidade e a integridade de São Francisco estão em não representar a mulher somente como figura de “Mãe”. Cria em São Francisco um discurso, ampliando e integrando uma novidade e uma relação nova com a vida, por exemplo, a oração “Saudação às Virtudes”. Todas as virtudes recebem o substantivo “Senhora”, considerando as virtudes como características e atributos femininos.
A figura de Mãe é um símbolo e ação fundamental em São Francisco. Consideram-se mãe de todos os frades, se coloca com naturalidade diante do feminino. Tomando posição de mãe que “liberta”, ele assim escreve a Frei Leão:
"Fica para nós um modelo de como hoje podemos integrar o feminino dentro de nossa vida e de nossa ação na sociedade, um trabalho em defesa da vida, em todos os sentidos, do mais necessitado ser da terra ao infinito ser do Universo. Tudo isto é responsabilidade nossa.
Fica também uma visão da mulher de forma contemplativa, isto é, não como propriedade ou objeto de piedade; mas, como um ser que tem a mesma dignidade, igualdade. Assim podemos dizer com o Criador disse faça-se o gênero humano em varão e mulher. Esta é a grande contribuição de São Francisco para um olhar contemplativo e espiritual sobre a mulher e mãe."



Ana Lucia Mattiolli Noceti
www.caminhofranciscanodapaz.org
peregrino.s.f@gmail.com


7 de Setembro de 2019

Cari Pellegrini....
Pace e Bene!
Buono finale di settimana!
Cliquem no endereço abaixo...e vejam.... algumas das origens de Francisco.....
http://vimeo.com/70776419




A Italia de Francisco
A Itália, oficialmente República Itália, é um país situado na Península Itálica, na Europa meridional, e duas ilhas no mar Mediterrâneo, Sicília e Sardenha. A Itália divide suas fronteiras alpinas no norte com a França, Suíça, Áustria e Eslovênia. Os estados independentes de San Marino e do Vaticano são enclaves no interior da Península Itálica e Campione d'Italia é um exclave italiano na Suíça.
O terreno conhecido hoje como Itália foi o berço de várias culturas e povos europeus, como os Etruscos e os Romanos. A capital da Itália, Roma, foi durante séculos o centro da civilização ocidental. Mais tarde, tornou-se o berço do Renascimento e também desempenhou um papel importante no desenvolvimento da ciência e da astronomia moderna, especialmente o heliocentrismo, bem como a Universidade e a ópera. Durante a Idade Média, a Itália foi dividida em vários reinos e cidades-estados (como o Reino da Sardenha, o Reino das Duas Sicílias e o ducado de Milão), mas foi unificada em 1861, um período da história conhecido como o "Risorgimento". Do final do século XIX até a Segunda Guerra Mundial, a Itália possuía um império colonial, que estendia seu domínio a Líbia, Eritreia, Somália Italiana, Etiópia, Albânia, Rodes, Dodecaneso e uma concessão em Tianjin, na China.
A Itália Moderna é uma república democrática e um país desenvolvido, com a oitava melhor classificação no índice de qualidade de vida. O país goza de um alto padrão de vida, sendo o 18º país mais desenvolvido do mundo. É um membro fundador do que hoje é a União Européia, tendo assinado o Tratado de Roma, em 1957, além de ser também um membro fundador da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). É membro do G8 e do G20 (com a sétima maior economia PIB nominal), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OCDE), da Organização Mundial do Comércio (OMC), do Conselho da Europa, da União da Europa Ocidental e da Iniciativa Centro-Européia. A Itália é um Estado membro do Acordo de Schengen. O país possui o oitavo maior orçamento militar do mundo e é uma das nações que compartilha armas nucleares com a OTAN.
A Itália, especialmente Roma, tem um papel proeminente a nível europeu e mundial em assuntos culturais, diplomáticos e militares, com grande impacto global na política e na cultura, sediando organizações mundiais como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Global Fórum, Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Colégio de Defesa da OTAN. A influência política, econômica social e militar do país na Europa tornou-o uma importante potência regional, a par Reino Unido, da França, da Alemanha e da Rússia. O país possui uma educação pública de alto nível, força de trabalho elevada, índice de caridade alto, além de ser um país globalizado. A Itália também tem a 18ª expectativa de vida mais alta do mundo, a frente de países como Noruega e Áustria.
História
A história da Itália influenciou fortemente a cultura e o desenvolvimento social, tanto na Europa como no resto do mundo. Tendo sido o berço da grande civilização romana e do fascismo, com Mussolini.
Pré-história e Roma antiga
A população da Itália remonta aos tempos pré-históricos, época da qual foram encontrados importantes vestígios arqueológicos.
Durante a Idade do Ferro existiram várias culturas que podem ser diferenciadas em três grandes núcleos geográficos, a do Lácio Antigo, a da Magna Grécia e a de Etruria. Uma destas culturas, os ligures, foram um enigmático povo que habitava o norte de Itália, Suíça o sul de França.
Entre os diversos povos da Antiguidade são dignos de menção, em particular, os Lígures, os Vênetos, os Celtas no norte, os latinos e os etruscos Samnitas no centro, enquanto no sul prosperaram colônias Gregas (Magna Grécia), e na Sardenha desde o segundo milênio a.C. floresceu a antiga civilização dos Sardos.
Uma das mais importantes culturas antigas desenvolvidas em solo italiano foi a Etrusca (a partir do século VIII a.C.), que influenciou profundamente Roma e sua civilização, na qual muitas tradições importantes de origem Mediterrânea e Eurasiática encontraram a mais original e duradoura síntese política, econômica e cultural. Nascida na Península Itálica, desde sempre terra de origem e de encontro entre diversos povos e culturas, a civilização romana foi capaz de explorar as contribuições provenientes dos etruscos e de outros povos itálicos, da Grécia e de outras regiões do Mediterrâneo Oriental (Palestina - o berço do Cristianismo - Síria, Fenícia e Egito).
Graças ao seu império, Roma difundiu a cultura Heleno-romana pela Europa e pelo Norte de África que foram os limites de sua civilização.
Idade média
Após a queda do Império Romano do Ocidente, o território da península se dividiu em vários estados, alguns independentes, alguns parte de estados maiores (inclusive fora da península Itálica). O mais duradouro entre eles foram os Estados Pontifícios, que resistiram até a tomada italiana de Roma em 1870 e que foi mais tarde reconstituído como o Vaticano, no coração da capital italiana. Depois da queda do último imperador romano do Ocidente, seguiu-se a o domínio dos Hérulos e, em seguida, dos Ostrogodos. A reanexação da Itália ao Império Romano do Oriente realizado por Justiniano, em virtude das Guerras Góticas, na metade do século VI d.C., foi curta, uma vez que, já entre 568 e 570, os lombardos, povos germânicos provenientes da Hungria, ocuparam parte do país, mas representaram uma formidável continuidade política e cultural e a garantia da prosperidade econômica da península e de toda a Europa por muitos anos.
Depois a área sob domínio romano-bizantino foi sujeita a fragmentações territoriais, mas conseguiu resistir até o final do século XI, enquanto os lombardos tiveram que se submeter aos Francos comandados por Carlos Magno a partir da segunda metade do século VIII. No ano 800, a Itália central tornou-se parte do Sacro Império Romano-Germânico,embora pouco depois a Sicília tenha passado ao domínio árabe. O desenvolvimento de cidades-estado (a partir do século XI) deu novo impulso à vida econômica e cultural do norte e centro da Itália, enquanto no Sul, com a invasão normanda, formou o Reino da Sicília um dos mais modernos, tolerantes e mais bem administrados da Europa naquela época. Dos municípios formaram-se as repúblicas marítimas e mais tarde, assignorias.
Unificação
A Itália contemporânea nasceu como um estado unitário, quando em 17 de março de 1861, a maioria dos estados da península e as duas principais ilhas foram unidas sob o comando do Rei da Sardenha Vittorio Emanuele II da casa de Sabóia. O arquiteto da unificação da Itália era o primeiro-ministro da Sardenha, conde Camillo Benso de Cavour, que apoiou (embora não reconhecendo diretamente) Giuseppe Garibaldi, permitindo a anexação do Reino das Duas Sicílias ao Reino da Sardenha-Piemonte.
O processo de unificação teve a ajuda da França, que - juntamente com o Reino Unido - tinha um interesse em criar um estado anti-Habsburgo comandado por uma dinastia amiga (Sabóia) e capaz de impedir o surgimento de um estado republicano e democrático na Itália (desejada por alguns "patriotas", como Mazzini e como já tinha acontecido em parte, em Roma, Milão,Florença e Veneza durante o movimento revolucionário de 1848).
A primeira capital foi Turim, a antiga capital do Reino de Sardenha e ponto de partida do processo de unificação da Itália. Depois da Convenção de setembro (1864), a capital foi transferida para Florença.
Em 1866, a Itália adquiriu do Império Austríaco o Vêneto, após a guerra, na qual a Itália era aliada à Prússia de Bismarck. Na unificação, permaneceram excluídos a Córsega e a região de Nice,cidade natal de Garibaldi, assim como Roma e os territórios vizinhos que estavam sob o controle do Papa e protegido por Napoleão III. Graças à derrota da França pelos Prussianos, após uma rápida ação militar em 20 de setembro de 1870, também fora anexada Roma e proclamada a capital do reino. Mais tarde, com o Tratado de Latrão em 1929, o Papa obteve a soberania da Cidade do Vaticano. Outra entidade autônoma dentro das fronteiras italianas é a República de San Marino.
Mas mesmo após a conquista de Roma em 1870, a Unificação da Itália ainda não estava completa, pois faltavam ainda as chamadas "terras irredentas": OTrentino, Trieste, a Ístria e a Dalmácia que os nacionalistas clamavam como pertencentes à Itália. O Trentino, Trieste, a Ístria e Fiume foram anexados depois dos tratados de paz, após a Primeira Guerra Mundial, impostos pela França, Inglaterra e Estados Unidos aos Impérios Centrais, perdedores da guerra.
Cultura
Músicas Italianas!
As musicas italianas são compostas por vários ritmos tradicionais, tarantelas ou operas [ EX.:Giuseppe Verdi, Giacomo Puccini e Gioacchino Rossini] as musicas eruditas como a de Antonio Vivaldi.
A Itália também é conhecida por seus tenores famosos por todo o mundo como Luciano Pavarotti que morreu em 2004 e Andrea Bocelli que após a perca da visão encontrou um consolo na musica.
Temos também as musicas pop's que também são conhecidas,como os cantores: Eros Ramazzotti, Vasco Rossi, Mafalda Minozzi e Laura Pausini.
Artes
A Itália é o local de nascimento de diversos movimentos artísticos e intelectuais que se espalharam pela Europa e pelo mundo, como o Renascimento e o Barroco. A contribuição italiana para a arte e cultura surge das obras de Michelangelo, Leonardo da Vinci, Donatello, Botticelli, Fra Angelico, Tintoretto, Caravaggio, Bernini, Ticiano, e Rafael, entre outros. Além da pintura, escultura e arquitetura, as contribuições da Itália para a literatura, ciência e música são indiscutíveis.
Literatura
A base da moderna língua italiana foi estabelecida pelo poeta florentino Dante Alighieri, cuja obra A Divina Comédia é considerada a mais importante do período medieval. Em italiano escreveram Boccaccio, Castiglione e Pirandello, além dos poetas Tasso, Ariosto, Leopardi, e Petrarca, cujo mais famoso estilo é o soneto, uma invenção italiana. Grandes filósofos são Bruno, Ficino, Maquiavel, Vico, Gentile, e Eco.
Cinema
O cinema italiano também exerceu decisiva influência com o movimento do neorealismo, movimento nascido no país e que revelou grandes diretores como Roberto Rossellini, Vittorio De Sica e Luchino Visconti. Outros diretores se incluem no panteão dos maiores mestres da sétima arte, como Michelangelo Antonioni, Federico Fellini, Sergio Leone, Pier Paolo Pasolini, Ettore Scola, Bernardo Bertolucci, Mario Monicelli, Giuseppe Tornatore, Dino Risi, Marco Bellocchio, e mais recentemente, Nanni Moretti. Todos eles, de estilos diversos e fascinantes, possuem ao menos um ponto em comum: são alguns dos mais polêmicos, criativos e mordazes investigadores e críticos da sociedade contemporânea, isso nas artes em geral. Atores como Sophia Loren, Marcello Mastroianni, Vittorio Gassman, Anna Magnani, Monica Vitti, Roberto Benigni são alguns dos mais conhecidos de todos os tempos.
Desportos
A Itália tem uma longa tradição esportiva. Em diversos esportes, tanto individuais quanto em equipe, a Itália tem uma boa representação e muitos sucessos. O esporte mais popular é de longe o futebol. Basquete e vôlei são os próximos mais populares, com a Itália com uma rica tradição em ambos. A Itália também tem fortes tradições no ciclismo, esgrima, tênis, atletismo, Polo aquático, rugby, e esportes de inverno.
A Itália já sediou os Jogos Olímpicos de Verão de 1960 na capital Roma, e até os Jogos Olímpicos de Verão de 2008 realizados em Pequim, China, havia ganho 191 medalhas de ouro - 45 na esgrima, 33 no ciclismo, 19 no atletismo, 14 no boxe e na ginástica, 10 no remo e no tiro, entre outras. Também já sediou os Jogos de Inverno em 1956 e 2006, e até os Jogos de Vancouver 2010, a Itália obteve 37 medalhas de ouro.
No futebol masculino, a Itália ganhou a Copa do Mundo FIFA de 2006, e atualmente é o segundo time de futebol mais bem sucedido do mundo, depois do Brasil, tendo vencido quatro Copas do Mundo FIFA. No vôlei masculino, a Itália é detentora de 3 títulos do Campeonato Mundial e 8 títulos da Liga Mundial.
No automobilismo, a italiana Scuderia Ferrari é a mais antiga equipe sobrevivente nos Grandes Prêmios, tendo competido desde 1948 e, estatisticamente, a mais bem sucedida equipe de Fórmula Um na história com um recorde de campeonatos.
Culinária
A culinária italiana moderna evoluiu através de séculos de mudanças sociais e políticas, com suas raízes que remontam ao século 4 a.C. Mudanças significativas ocorreram com a descoberta do Novo Mundo, quando alguns vegetais, tais como batatas, tomates, pimentões e milho, tornaram-se disponíveis. No entanto, estes ingredientes centrais da cozinha italiana moderna não foram introduzidos em escala antes do século XVIII.[60]
Ingredientes e pratos variam conforme a região. No entanto, muitos pratos que antes eram regionais têm proliferado em diferentes variações em todo o país.
Queijo e vinho são partes importantes da cozinha, desempenhando diferentes papéis tanto regionalmente quanto nacionalmente com suas muitas variações e leis Denominazione di origine controllata (denominação regulamentada). Café e, mais especificamente o café expresso, tornou-se muito importante para a cozinha cultural da Itália. Alguns pratos famosos e artigos incluem massas, pizzas, lasanhas, focaccia e gelato.

11 de Setembro de 2019
Cari pellegrini...
Pace e bene!
Envio abaixo algumas informações;
Em anexo o mapa do Terminal 3 aeroporto Fiumicino \Roma com a localização do nosso PONTO DE ENCONTRO.
Estarão voando do Brasil dia 23\09\19 pela Companhia Alitalia com o desembarque em Roma\Fiumicino TERMINAL 3, como consta em nosso bilhete:
- Saída de Paulo\Guarulhos - 23\09\19 - Alitália - voo AZ 0675
(suprimido os nomes)
A nossa chegada em Roma no dia 24\09\19 está prevista por volta das 06:50hs.
Após desembarcarmos do aéreo iremos passar pela emigração e normalmente neste horário é tb chegada de outras companhias aéreas a emigração fica um pouco cheia de passageiros, calculo que deveremos perder um hora.
Após passar pela emigração, seguiremos para as esteiras de bagagem e que costumam ser a mesma para os dois voos da Alitalia, ali talvez possamos encontrar com algum peregrino, se não após pegar a bagagem prosseguiremos para a SAIDA DO DESEMBARQUE, e saindo no corredor do saguão do aeroporto pegar a sua DIREITA, caminhar uns metros a frente e logo a ESQUERDA encontrarão uma LANCHONETE (sinalizado no mapa em anexo), ali será nosso PONTO DE ENCONTRO, para qualquer
Duas peregrinas (suprimido os nomes) já estarão em Roma e irão nos encontrar no aeroporto Fiumicino\ PONTO DE ENCONTRO.
ATENÇÃO : Todo este movimento será ainda dentro do aeroporto, com isso NÃO sair para fora do aeroporto.
O AEROPORTO FIUMICINO oferece WI-FI grátis, qualquer duvida poderemos nos comunicar pelo WHATSAPP, porém caso haja qualquer desencontro NÂO sair da área do desembarque como estaremos em grupo não será difícil nos identificarmos nesta área.
TRANSFER - ROMA X LA VERNA, será as 09:30HS o motorista encontrará conosco no desembarque.
SUGESTÃO:
1 - Sugiro levar uma Xerox do seu passaporte numero e foto para ser apresentado na chegada de cada hospedagem, pois com a Xerox em mãos evitamos ter que deixar na recepção o nosso documento original (passaporte), como Tb esquecer de pegar.
2 - Não levar dinheiro na mala e dar preferência às bolsinhas de barriga para guardar seu dinheiro e levando na bolsa de mão somente o necessário valor sugerindo 100 euros
Qualquer duvida entre em contato.
Favor confirmar o recebimento deste.
Com a graça de Deus e chamado de Francisco estamos quase chegando lá!
Gratidão por tudo!
Fraterno abraço




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